segunda-feira, 8 de junho de 2009

Diamantina faz concertos que levam músicos às sacadas coloniais

Vesperatas atraem milhares de turistas
Enquanto os músicos se apresentam nas sacadas dos casarões coloniais da Rua Quitanda, o maestro rege o concerto da calçada, no meio da platéia. Este é um evento que atrai bastante turistas para a cidade, a Vesperata. O concerto surgiu em 1997, seguindo uma tradição do século 19, quando um cantor subia na sacada dos casarões para entoar apaixonadas canções e tocar trompete.
Diamantina, no Alto Jequitinhonha, nordeste de Minas, mostra a Vesperata como um dos espetáculos musicais mais belos e emocionantes do país.
O maestro Irineu Alex de Souza, ou simplesmente Alex, foi um dos criadores do espetáculo e conta como tudo começou: “Eu, o secretário municipal de cultura da época, Erildo Nascimento de Jesus, e o maestro da Banda Militar, Edson Soares, queríamos que Diamantina virasse Patrimônio da Humanidade. Mas sempre a cidade perdia para outras, no quesito arquitetônico. Como aqui sempre teve muitos artistas e músicos, resolvemos fazer o concerto para seguir a tradição e assim conseguir atrair os turistas”.
Além de seguir a tradição, a Vesperata trouxe grandes fontes de renda para Diamantina, que afinal, dois anos depois, conseguiria o título de patrimônio da humanidade. “Antes da Vesperata tínhamos três ou quatro hotéis e uma ou duas pousadas, hoje são cerca de 20 hotéis e 36 pousadas”, diz Alex. O maestro conta ainda que os turistas que vão para Diamantina ficam emocionados com as apresentações, pois nunca viram coisa parecida. “A cidade é como uma concha acústica. Com isso não precisamos de microfones. A energia que isso passa aos turistas é muito grande, eles choram quando ouvem, pois é uma coisa única. É como se aqui fosse Veneza”, compara Alex.
Projeto Social
A preocupação do maestro não é apenas com a Vesperata. Alex tem um projeto que consiste em tirar as crianças carentes da rua e dar a elas estudo e aulas de música. Hoje o projeto tem 300 alunos estudando música e 88 já inscritos na banda. “Eu tiro essas crianças das ruas para tentar sua inserção na sociedade. Elas recebem estudo e uma ajuda de custo de R$ 50, que nós estamos tentando passar para R$ 100”, conta.
Além do estudo, os alunos ensaiam quatro horas todos os dias. A banda de Alex já recebeu convites para tocar fora do país, mas o maestro prefere atrair os turistas para Minas. “Até já fizemos uma viagem para Paris em 2000, mas gastamos muito. Prefiro que os turistas venham aqui, porque assim teremos dinheiro para ajudar esses meninos.”
A Vesperata acontece de março a outubro neste ano. As próximas vesperatas estão marcadas para 20 e 27 de junho e 04 de julho. As mesas serão vendidas ao preço de R$ 60, em todos os hotéis de Diamantina e na Associação das Empresas Ligadas ao Turismo (Adeltur).

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