sábado, 11 de julho de 2009


Barragem de Coronel Murta ameaça exploração de turmalinas
Além da inundação de pequenas propriedades rurais e do deslocamento compulsório de 924 famílias, a projetada usina hidrelétrica de Murta, em Coronel Murta, no Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas, vai fechar o garimpo de turmalinas, em Barra de Salinas, com impacto crucial sobre a renda dos moradores.
A formação do lago, que atingirá parte dos municípios de Coronel Murta, Virgem da Lapa, Berilo, Josenópolis e Grão Mogol, aproximará as terras do garimpo da lâmina d’água.
A continuidade da extração de cascalho provocaria um assoreamento intenso do reservatório de Murta. Diariamente, cerca de 400 pessoas sobem a barranca íngreme do Jequitinhonha, numa procissão que dura mais de hora. Munidos apenas de peneiras, pás e picaretas, os garimpeiros remexem o rejeito de uma antiga mineração que durante 22 anos extraiu turmalinas com máquinas. Como o material não é "virgem", as pedras graúdas e limpas são raríssimas, restando um "cascalho" de turmalinas pequenas e riscadas.
O trabalho duro rende, na melhor das hipóteses, em média, R$ 300 por mês para cada garimpeiro, o equivalente a 150 gramas de cascalho de primeira qualidade. Esse ganho modesto é fundamental para completar o magro orçamento das famílias, que, na estação chuvosa, dedicam-se à lavoura.
Uma das condições apresentadas pelos técnicos da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), que analisaram o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) da hidrelétrica foi justamente uma proposta de compensação monetária, a cargo da concessionária Murta Energética, para compensar a perda de renda da população, decorrente do fechamento do garimpo. Sem licença ambiental nem concessão oficial, a cata de turmalinas sobrevive da tolerância das autoridades. A permanência dos garimpeiros é resultado de um acerto precário entre a Prefeitura de Coronel Murta e a dona dos direitos de mineração na área, a Halba Mineração.
Por isso, os trabalhadores de Barra de Salinas vivem atemorizados. Temem que a divulgação da lavra provoque uma corrida de garimpeiros de fora e apavoram- se com a possibilidade de endurecimento do Ministério Público na aplicação da legislação ambiental.
Por fim, assustam-se com a possilibilidade de serem expulsos pela Topázio Mineração, empresa que arrendou a área da Halba e atualmente desenvolve uma pequena frente de lavra subterrânea no local.
O isolamento dos moradores da região de Barra de Salinas alimenta ainda mais a incerteza sobre o futuro, com ou sem a hidrelétrica de Murta. O transporte para Coronel Murta é feito por um ônibus velho, que nem sempre cumpre a freqüência de três viagens por semana. Leva duas horas e meia, em média, para atingir a sede do município. Quando falta, a alternativa dos moradores é pagar R$ 25 por viagem na garupa de uma motocicleta de aluguel.
Com informações do www.estaminas.com.br

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