sexta-feira, 31 de julho de 2009

27º Festivale - Noite Literária







Festivale - Grão Mogol - Vale do Jequitinhonha
Noite Literária revela poetas do Vale
Paulo Lincon
A Noite Literária, na sua 15º edição do concurso, veio para homenagear o poeta e escritor João Baptista Brazil, de Diamantina. 
Ele atuou intensamente na imprensa da capital e do interior de Minas Gerais.
Faleceu em 1951.

A Noite Literária surgiu por reivindicação dos poetas do Vale. Neste ano, 66 poetas se inscreveram. A seleção foi feita por professores de literatura e também por alguns poetas.

Aqui, em Grão Mogol, a Noite Literária teve um público grande. Muitas pessoas foram prestigiar os nossos poetas do Vale.

Foram selecionados 10 finalistas de cidades do Vale do Jequitinhonha. Grão Mogol também tem poeta: Deleni Ribeiro, que foi para a final com o poema “Vale ser do Vale”, mas ela infelizmente não conseguiu vencer.

A noite era de Araçuaí. O grande vencedor da Noite Literária foi o professor de cultura popular e graduado em história, Luciano Silveira. Conseguiu o primeiro lugar com seu poema ”O retrato”, além da premiação por melhor interpretação, ao lado da atriz e cantora Lenita dos Santos, também de Araçuaí.
No final mesmo, quem não ganhou, ficou feliz por ter participado.

Poesia vencedora da Noite Literária
Retrato
Luciano Silveira

Não quero o seu retrato,
Gasto, amarelo, empoeirado,
Ele está no chão minado.
Pise com cuidado
Pois meu poema é cabo de enxada
E por isso não quero seu retrato
O berro do boi escondido nas bocas
Tem desabafo, estouro e cansaço.
A boiada tange, range
Arfando o peso na lavra.
O retrato é o mesmo
Na terra gerla das lãs lavrias
No chão revolto da discórdia
E a miséria na minha frente
Matando, engolindo e afogando gente.
Tem denúncias no meu embornal
Para destravar seus olhos
Com minhas rezas e novenas.
Esperando teu progresso no tempo de maio
Ou no mata-borrão da hipocrisia.
No retrato uma família
O pai, a mãe, a filha,
A politicagem jogando todos no precipício
Sem decifrar o homem e o aboio virulento de gotas agrícolas.
Não tem mais importância
Tudo é mais importante que seu retrato.
Seu poema não me convence.
Todos já se armaram de revolta até os dentes
As ruas se abraçam com cheiro de pólvora e
A vida carece de morte para nascer.
Quer importa o conflito e o boato?
Para que o seu retrato, seu parecer, sobre meu sertão?
Se dilua com meu povo.
Dance, cante até cansar...
Nosso povo é um rio que não tem pressa de
Virar mar
Lembra dos fatos.
Conheça essa gente.
Mas...

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