quinta-feira, 16 de julho de 2009

A perda da Libertadores dói nos cruzeirenses


A dor de uma perda
“A dor da gente não sai no jornal”. Mas saiu. A dor de muitos cruzeirenses com a perda da Copa Libertadores da América de 2009, saiu nos jonais de hoje. Ontem, à noite, dia 15 de junho, ficará marcado nos corações e mentes dos cruzeirenses como um dia triste. Mais de 60 mil torcedores lotaram o Mineirão, em BH. Mais de 8 milhões, em todo o Brasil, torciam fervorosamente. Sem muita algazarra, com pouco estardalhaço, porque torcedor do Cruzeiro é mais contido, mas com muita esperança.
Porém, perdemos. Perdemos não jogando bem. O pior, o adversário veio ao Brasil, o Estudiantes de La Plata, da Argentina, e jogou muito bem. Não tomou conhecimento do time brasileiro. Catimbou, abusou de toques de efeito, mas objetivo, fez muitas faltas violentas, sem ser punido pelo árbitro. O Cruzeiro entrou na roda, e dançou. Dançou um tango, descompassado.
Entrou em campo nervoso, tens, com medo de perder o título. E perdeu. Não se joga um jogo de xadrez, de decisão, com aquele temor visto nos olhos e semblantes dos jogadores cruzeirenses. Ninguém esboçava um sorriso. Não concordei que aquilo fosse concentração, foco no jogo. Era um medo explícito da perda.
Há duas formas de você perder um jogo. A primeira é quando você já se sente derrotado. Todas as forças movem contra você e você se acomoda e os outros companheiros também acomodam. A outra forma é o já ganhou. Também aí há uma acomodação, comemoração antes da hora, e, ao deixar de participar do jogo, da disputa, entrega a vitória para o adversário.
Mas, o que muito dói em qualquer derrota é sentir em algumas pessoas o prazer, o êxtase, por você estar sofrendo. Parece coisa de homem ou mulher abandonados por outro que quis tentar ser feliz com outro ou outra. Fica aquela torcida de forma clara ou velada pelo insucesso do outro, para nada dar certo e este outro ou outra serem infelizes.
O que significa vibrar com a dor do outro, enfiar o dedo na ferida? Vi torcedores do Atlético Mineiro e de outros times pularem e cantarem cantos de guerra, de provocação, de intenção de aumentar a dor dos cruzeirenses.
Por que este comportamento sádico? Será vingança por alguns cruzeirenses debocharem da falta de títulos recentes do seu time? De gozações sofridas quando o Atlético caiu para a série B do Campeonato Brasileiro? De vingança por o Cruzeiro impigir-lhe derrotas seguidas? “Galo forte vingador” diz o hino do time maior adversário do Cruzeiro.
Acho o comportamento de aumentar o sofrimento de alguém que sofreu uma derrota, um desrespeito humano à sua luta. Sentir prazer com a dor do outro é tétrico, baixeza. Quando o confronto é direto procura-se haver compreensão por este comportamento. Mesmo assim, há limites para zombaria ou humilhações aos derrotados. Porque, não sendo assim, cria-se uma guerra permanente, uma beligerância que muito atrapalha a convivência com os outros.
Quando termina uma guerra são estabelecidos formas e condições para reconstrução do povo derrotado. Se estas condições forem humilhantes periga crescer no povo derrotado um sentimento de revanche e de revolta. A Segunda Grande Guerra Mundial e o Nazismo são explicados pelos historiadores devido à humilhação sofrida pela Alemanha na Primeira Grande Guerra Mundial.
Quando o insucesso do rival desperta prazer, com certeza a frustração é muito profunda de quem assim sente. A frustração de não conseguir ser feliz com sua própria paixão, com suas próprias escolhas, com seu time de coração, levam pessoas a buscarem prazer na derrota daquele que é considerado rival, principal ou não.
A frustração das pessoas é perigosa, leva a sentimentos que aprofundam o desprezo pela felicidade alheia. E criam aqueles que torcem pela desgraça humana e da natureza, pela destruição da vida.

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