quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Matriz de Itacambira é reaberta com bens restaurados
Após um ano de trabalho, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) – instituição integrante do Sistema Estadual de Cultural - devolve, restaurados, os bens artísticos integrados da Matriz de Santo Antônio, em Itacambira, Vale do Jequitinhonha, no Norte de Minas.
Nove imagens sacras, o retábulo-mór e o oratório da sacristia, além de outros elementos como quatro oratórios da nave, o púlpito, o coro e a balaustrada da nave foram apresentadas à comunidade em uma missa festiva na última sexta-feira.
O trabalho de restauração da Matriz de Itacambira foi executado pela empresa especializada Albatroz Arquitetura, Construção e Restauro - contratada pelo Iepha/MG -, com acompanhamento constante de técnicos da Diretoria de Conservação e Restauração do órgão.
Igreja colonial
Segundo registros históricos, a Matriz de Santo Antônio teve sua construção iniciada na primeira metade do século XVIII. Até hoje, não foram localizados dados sobre profissionais ou artistas que teriam trabalhado em suas obras arquitetônicas e ornamentais ao longo do tempo.
O interior da igreja causa grande impacto visual, e até certo estranhamento, pelo aspecto despojado, muito diferente da apresentação estética convencional encontrada em templos católicos.
De acordo com a gerente de Elementos Artísticos do Iepha, Yukie Watanabe, essa singularidade e detalhes geométricos tornam a igreja um exemplar muito especial tanto do ponto de vista da estrutura, dos encaixes e entalhes quanto da composição da decoração de uma forma geral.
“O trabalho de restauração girou em torno da preservação de um registro muito singular, talvez único, e que pode ser fonte preciosa de pesquisa e memória. Acreditamos também que a recuperação de toda sua beleza será um importante incentivo para que a própria comunidade reconheça e valorize essa igreja como um monumento único”, explica.
Fé, cultura e expressão religiosa
Para o padre José Honório de Andrade, pároco da Matriz de Santo Antônio, a devolução dos bens artísticos integrados é de suma importância para a comunidade.
“A nossa paróquia cresceu em torno de um tripé: fé, cultura e expressão religiosa. E a devolução dessas peças é um reconhecimento de nossa história. Afinal são 300 anos de fé”, revela.
Detalhes artísticos
O retábulo, com exuberantes formas e grandes dimensões, não encontra referência em outras composições ornamentais da mesma igreja, como seu púlpito, balaustradas do coro ou a pia batismal. A estrutura e tábuas do retábulo-mór estavam com furos e madeiras apodrecidas pela umidade. A pintura original havia sofrido várias repinturas.
A imaginária (Nossa Senhora do Rosário, São Geraldo, Santana Mestra, Santa Rita, São Sebastião, São Miguel, Santo Antônio, Santo Agostinho) e o Oratório apresentavam ataque de cupins, que resultaram em perdas e furos, sujidades, descolamento da policromia com perdas relevantes e haviam sido totalmente repintados.
Segundo Cláudio Forte Maiolino, arquiteto da empresa Albatroz, responsável pela restauração, os elementos artísticos, no geral, estavam em bom estado de conservação, mas a ação do tempo e as intervenções sem acompanhamento especializado prejudicaram bastante.
“O bom desse trabalho foi que nós integramos a comunidade à obra. Além de trabalhar diretamente na restauração, eles tiveram a oportunidade de conhecer um pouco das técnicas de conservação. Foi um processo de restauração do prédio junto com educação para a comunidade”, relata.
Fonte: Agência Minas

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