segunda-feira, 5 de abril de 2010

UMVALE: a união faz a força?

A união faz a força?
Unificar interesses e conquistar recursos são os objetivos da UMVALE
Por Daniel Lomonaco, da UFMG

Minas Gerais é o quarto estado brasileiro em extensão territorial. Nos seus mais de 500 mil quilômetros quadrados vivem aproximadamente 20 milhões de pessoas. A grande extensão do território mineiro e a própria localização do estado no território do país, que fica na confluência das regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, provocam uma diversidade enorme entre as áreas do Estado.
Segundo informações do site de notícias oficiais Agência Minas, enquanto as regiões Central e Sul são responsáveis, respectivamente, por 43,5% e 13% do PIB estadual, a região do Vale do Jequitinhonha/Mucuri participa somente com 1,8% nas riquezas mineiras.

E foi com o objetivo de promover um maior desenvolvimento econômico e social no Vale do Jequitinhonha que os prefeitos da região estão criando a UMVALE, União Municipalista do Vale do Jequitinhonha. A associação agrega 65 municípios mineiros do Vale e segundo o prefeito da cidade de Jequitinhonha e presidente da nova associação, Roberto Alcântara Botelho, a UMVALE nasce de um sonho muito antigo da região.
"O Vale (do Jequitinhonha) sempre foi uma região muito dividida e isso a enfraquece como um todo. O sonho da integração regional é antigo e a UMVALE veio para conseguirmos realizar esse sonho.".

O prefeito refere-se à divisão da região do Vale em Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha. Representadas por associações distintas, cada região do Vale lutava pelos seus interesses separadamente. A idéia da UMVALE é congregar os interesses de todo o Vale e concentrar esforços para que mais recursos possam chegar à região.

A maior reivindicação da associação é o término do asfaltamento da BR-367, estrada que corta todo o Vale do Jequitinhonha, desde Diamantina, primeira cidade do Vale, até Salto da Divisa, na fronteira com a Bahia. A via tem dois grandes trechos não-asfaltados. O primeiro é a ligação entre o Alto e o Médio Jequitinhonha.

Segundo informações do DER - Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais são 68 quilômetros entre Minas Novas-Chapada do Norte-Berilo-Virgem da Lapa.

O segundo trecho fica no Baixo Jequitinhonha, na ligação de Jacinto e Salto da Divisa. São quase 48 quilômetros de estrada de terra não-pavimentada, formada só por cascalho.

O prefeito de Itaobim e vice-presidente da Umvale, João Pereira dos Santos, dá um exemplo de como a falta de uma estrada decente pode afetar a integração de uma região.

"Existe uma Regional da Saúde em Diamantina, mas apesar de Diamantina ser no Vale do Jequitinhonha, o acesso à cidade é muito difícíl. A dificuldade de acesso faz que os os doentes da região tenham que ir pra Teófilo Otoni ou até mesmo Belo Horizonte, bem mais distante, mas a estrada e o acesso até lá são bem melhores.", reclama o prefeito da cidade, que fica a 600 km da capital.

Um parênteses na matéria pra dizer que em visita oficial ao Vale do Jequitinhonha, no dia 19 de Janeiro, o presidente Luís Inácio Lula da Silva disse que as obras da BR-367 serão inseridas no Programa de Aceleração do Crescimento e que os recursos para o asfaltamento da via serão disponibilizados. É aguardar e cobrar.

Mais do que resolver um problema pontual como o da BR-367, os prefeitos do Vale do Jequitinhonha querem também ter força política suficiente para conseguirem mais recursos e desenvolvimento para a região.

No pensamento dos prefeitos, a união de todos os municípios do Vale terá impacto nas negociações políticas tanto com o Governo do Estado, quanto com o Governo Federal.
É o que acredita o prefeito de Virgem da Lapa e primeiro-secretário da associação, Averaldo Moreira Martins, mais conhecido como Dim:

"Temos de seguir o exemplo dos municípios do Norte de Minas. Eles se uniram e estão conseguindo muitos recursos e projetos para a região. Eles conseguiram isso graças à força política que tantos municípios juntos têm. É claro que os 65 municípios da UMVALE terão mais poder de barganha do que se estivéssemos separados.", prevê Dim.

Com relação à pressão política, os prefeitos entrevistados afirmaram que, tão logo seja oficializada a criação da associação, será criado um escritório da UMVALE em Belo Horizonte e, futuramente, em Brasília, para que a luta por recursos para a região seja mais efetiva.

Outra vantagem de se criar a UMVALE, que foi ressaltada pelos prefeitos, é a capacidade da associação de manter um corpo técnico capaz de elaborar projetos que possam concorrer às verbas disponibilizadas pelos governos Estadual e Federal. Muitas verbas deixam de ser aproveitadas pelos municípios, pois as prefeituras não tem pessoal capacitado a elaborar bons projetos. Com a associação é possível manter um corpo técnico qualificado que ajude todas as prefeituras do Vale do Jequitinhonha.

A pressão sobre as instâncias superiores de poder, que os prefeitos do Vale prometeram, pode funcionar. Afinal estamos em ano de eleição. Juntas, as 65 cidades que compõe a Umvale podem sensibilizar mais facilmente Serra, Dilma, Marina Silva, Ciro, Anastasia, Hélio Costa, Pimentel, Patrus.

Pelo menos pra pressionar e pedir, orelhas não vão faltar.

Fonte: Polo do Jequitinhonha/UFMG


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