terça-feira, 19 de outubro de 2010

Berilo: Festa do Rosário fortalece fé católica

Berilo: Festa do Rosário fortalece fé de católicos
Renasce a maior festa popular do lugar
Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Arraial da Água Suja, antigo nome de Berilo, tem tradição de mais de 200 anos. Porém, em 1981, este costume de comemoração religiosa foi interrompido. Depois, em 1990, a Igreja “tombou” literalmente, foi jogada no chão. O livro de atas da Irmandade do Rosário sumiu ou sumiram com ele.

Muitos choraram calados, de forma contida, principalmente os mais pobres, os negros moradores das mais de 27 comunidades quilombolas do município.
No ano passado, a festa ressurgiu. O povo saiu das comunidades e de suas casas, indo pra rua cantar e dançar em louvor à Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Berilo. Sem a Igreja e sem a imagem original que estava sendo restaurada pelo IEPHA – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais.
Arrepio do tambor
“Agora eu entendo o arrepio ao bater do tambor”, registrou o cantor cafuso Pereira da Viola. O som dos tambores e caixas da congada de Minas Novas, de Chapada do Norte e Virgem da Lapa se fez acompanhar por um grupo da comunidade de Lagoa Ezequiel e levantou os espíritos adormecidos, mas não vencidos, dos devotos. Foi muito bonita a festa.
Mas, neste ano, de 01 a 17 de outubro, o povo católico berilense renasceu ainda mais na grande festa popular. A expectativa era que a imagem da santa reaparecesse, bonita, restaurada.
O prefeito Lázaro Pereira Neves que tinha solicitado a restauração da imagem ao IEPHA pediu ao Conselho de Patrimônio Cultural que fosse buscar a imagem ainda na festa.
E assim foi. O rei, Raimundo de Dona Araci, e a Rainha, Betinha de Luzia, haviam trabalhado durante um ano na organização da grande festa. A Escola Estadual Nossa Senhora Aparecida, do Caititu do Meio, se envolveu de corpo e alma, na coordenação geral do movimento de renascimento da fé católica com a alegria popular. Foram tantos que participaram da organização dos festejos que seria desmerecer alguém se começasse a fazer citações. Reza, cantos e danças
Durante 17 dias, foram rezas, cantos e danças em louvor à Senhora do Rosário. O Largo, no inicio da Rua do Porto, perto da Copasa, onde a igreja existiu por mais de 200 anos era ocupado, todas as noites. Uma multidão descia a ladeira, saindo da praça principal, a Praça da Prefeitura, tocando tambores, dançando, cantando, cheia de alegria em direção ao lugar da Senhora do Rosário. Não importava se não havia igreja ou imagem, a fé existia e poderia reconstituí-las ou reconstruí-las. Renascimento católico
Parecia que o catolicismo renascia. Os católicos, - tão sumidos de dentro das igrejas, dos cultos, das pastorais que iniciavam mas não tinham apoio para continuar -, apareciam de todos os cantos, de todas as idades, de todas as casas. A juventude e a criançada olhavam embevecidas aquele movimento com mulheres vestidas com longos vestidos brancos rodados, cheios de renda e colares multicoloridos, com turbantes enrolados na cabeça. Homens dançando, balançando os ombros, negaceando a cabeça, batendo os pés, rodopiando. Uns equilibrando litros de água ou cachaça na cabeça. Outros equilibrando a fé no ritmo eletrizante do batuque.
Girando, girando, girando...
Batucando, batucando, batucando...
Em cada dia uma instituição organizava a festa: Escolas, Prefeitura, comunidades, voluntários individuais ou coletivos, davam a sua contribuição. Nunca se viu tanta participação popular movida pela fé cristã católica.
A imagem restaurada foi trazida de Belo Horizonte pelos conselheiros Álbano Silveira Machado e Míria Ramalho Amaral, do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural.
Nossa Senhora reapareceu.
Viva Nossa Senhora!
No dia do levantamento do Mastro, no sábado, dia 16.10, à noite, a imagem foi apresentada à comunidade em frente ao Centro Comunitário, em carro aberto, pelo rei e rainha do Rosário, Raimundo e Betinha de Luzia. Quando o carro apareceu na curva do bambu, vindo da Avenida Geraldo Alves Martins, foguetes começavam a anunciar a novidade.
A população chorava, tirava fotos, dava vivas à Nossa Senhora.
A Banda da Vila de Santo Isidoro puxava um dobrado.
A congada arrebanhava seus animados congadeiros para fazerem cortejo à santa e entoavam: "Pro Rosário, vamusimbora!"
Um som à frente emitia músicas religiosas.
Outros soltavam foguetes.
Todos presentes queriam homenagear a Santa do povão, demonstrando a alegria e a esperança despertadas por sua presença . Em cada rua que passava mais o cortejo aumentava. Alguns calcularam mais de 3 mil pessoas caminhando, dançando e cantando. No Largo do Rosário, mais gente esperava a santa, principalmente os mais idosos, em frente a um grande palco armado para a festa.
Os reis festeiros entregaram a imagem do Rosário ao Padre José Nuno de Castro que pedia uma salva de palmas para os fiéis. Após a missa e bandeira do mastro levantada ao alto, os cangadeiros subiam a ladeira mais alegres ainda, sentindo-se com a alma leve, sob a proteção de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Berilo. No dia seguinte, de manhã, no domingo, dia 17.10, missa campal no Largo do Rosário, com a santa presente. Após a missa e a transmissão da coroa para o rei e rainha, de 2.011, Afonso de Nata e Marlene Machado, ouviram-se gritos de viva e renovação da fé católica.
Agora só falta a gente construir a igreja que deixaram tombar, era o comentário e sentimento geral.
“A fé remove montanhas”, alguns afirmaram.
Pode construir montanhas também, concluiu outro devoto. Viva Nossa Senhora do Rosário!
Viva!
Viva!

3 comentários:

Everaldo M. Sá disse...

VALE A PENA LUTAR PELO RESGATE DA CULTURA POPULAR. LINDA FESTA COMPANHEIRO BANU, NÓS ESTÁVAMOS AÍ TAMBÉM VIU...

JN LIMA disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
JN LIMA disse...

Em êxodos 20 e vocês irão entender o significado desta festa que para muito é popular La na bíblia esta o significado desta festa tão tradicional esta no livro da criação de Deus leia êxodos 20 e abram os seus entendimento. Sem julgamento algum cada qual com sua religião, não estou falando de religiosidade estou falando da bíblia a verdade que liberta...

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