quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Coronel Murta: Plantas viram arte nas mãos de João Relâmpago

Plantas ganham formas nas mãos de João Relâmpago
Em Freire Cardoso, Coronel Murta, jardineiro faz arte nas podas de plantas
A arte e a paixão que João Hélio Alves Santos, de 45 anos, mais conhecido como João Relâmpago, em pelas plantas nos fazem lembrar cenas do filme “Edward Mão de Tesoura”, filme lançado em 1990, nos Estados Unidos, que conta a história de um rapaz, que, com as mãos dotadas de tesouras, recria paisagens naturais, modificando as estruturas de plantas e dando formas ao que já belo pela natureza.

Quem chega ao pequeno distrito de Freire Cardoso ( Ouro Fino) a 19 quilômetros de Coronel Murta, na estrada para Rubelita, no Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas, pode deparar com uma cena bastante comum nos jardins das grandes cidades, mas que ali tem um toque especial. São as podas das plantas que João Relâmpago consegue transformar em arte no jardim e entrada de sua peque4na casa na rua Rondônia, 61.

Autodidata, ele retornou à sua terra há 21 anos, depois de passar 9 anos cuidando de sítios nas proximidades de Esmeraldas, próximo à Contagem, na Grande BH. Hoje ele é responsável pelo recolhimento do lixo do lugar, que é feito em uma carroça. O resultado pode ser visto logo na entrada de Freire Cardoso, que chama atenção pela limpeza das ruas e o cuidado que os moradores têm com a pintura e o embelezamento das casas, que parecem saídas de um conto de fadas e se transformam em orgulho para seus habitantes.

Com sensibilidade e criatividade de dois ingredientes para realizar esta proeza, João Relâmpago, faz trabalhos únicos que transformam o que a natureza oferece de forma bruta, que ele recria em formas, desenhos e arte. Para isso, João Relâmpago diz que “só é preciso uma tesoura, o resto fica por conta da imaginação”.

No pequeno jardim de sua casa, onde vive com seus 5 filhos – duas meninas e três meninos, já adolescentes -, ele cultiva várias espécies, como as azaléias, roseiras do mato, cactos, como o gigante e o dourado, samambaias e bouganvilles. Mas o que reina mesmo é o “pingo de ouro”, “ele dá mais forma”, diz o lixo-jardineiro. “Muitas coisas eu trago do mato, como a bananeirinha e alguns cactos. Para mim é uma paz e alegria cuidar das plantas”, revela João Relâmpago, contando que o apelido herdou do pai, Manoel Relâmpago, amansador de burros.
“Ele andava muito rápido, daí o apelido”, conta João Hélio, o sexto dos 14 filhos do seu Manoel que fez 86 anos e “está muito forte”, afirma João Relâmpago.

Além de exercer o dom de fazer das plantas uma verdadeira obra de arte, ele também produz mudas, recolhe latas e plásticos para reciclagem e ainda cuida da limpeza pública, ofício que ele muito se orgulha.
Na varanda lateral da casa, tocos de árvores se transformam em mesas e bancos e a a paz é complementada pelo canto de um canário belga.

Ali, no seu recanto, João Relâmpago mostra que a arte com as plantas é tudo que sabe fazer de melhor.


Este belo registro jornalístico do trabalho e arte de João Relâmpago é do Sérgio Vasconcelos, do Jornal Gazeta de Araçuaí, de Novembro/2010. É um presente inverso que o jornal faz aos leitores. No dia 3 de novembro, o Gazeta fez 13 anos de circulação. É um dos jornais mais antigos e resistentes do Vale.
Parabéns ao Serginho, que escreve muito e muito bem!

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