quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Cidades do Vale: a economia do seu lugar forma valores de conviver

As cidades do Vale, suas redes de economia e seus valores
Em qual perfil sua terra se encaixa?
Os pequenos municípios e suas pequenas cidades, no Vale do Jequitinhonha e em outros lugares, se formam em torno do plantio de uma ou mais culturas agrícolas ou criação pecuária. Outros exploram o garimpo, minérios, pedras preciosas.

As cidades mais antigas costumam investir no turismo, uma vez que, naturalmente, pessoas de lugares mais diferentes aparecem no lugar para apreciar construções de outros séculos ou fatos pitorescos.

Algumas investem em estruturas de pousadas e lazer, chamando os turistas para passar uns dias de descanso do stress produzido no dia-a-dia das grandes cidades, explorando as belezas naturais de rios, cachoeiras, grutas e serras.

Junto ao turismo de lazer e motivação cultural como nas cidades coloniais afloram a produção e comércio do artesanato nativo ou regional.

Algumas festas religiosas católicas atraem milhares de romeiros, provocando o comércio de quinquilharias, desdobrando em grandes shows artísticos nas Praças, em Estádios de futebol ou Parque de Exposições. Geralmente, artistas de renome estadual ou nacional fazem crescer o afluxo de visitantes.

Todas as redes de economia de pequenas cidades com as características citadas têm uma determinada linha de produção, de manifestações culturais, de preservação ambiental, de valorização da história, de identidade da vida de um povo.

Os valores sociais e culturais nestes lugares costumam ser mais ricos, de laços estreitos, de relacionamento familiar e comunitário muito envolvente. A cultura permeia todos os momentos da vida das pessoas. Valores como justiça, direitos, solidariedade e viver em comunidade são muito presentes.


Em algumas cidades a presença de um projeto de uma grande empresa chega e muda tudo no lugar. Todos os relacionamentos são desestruturados e monopolizados pelos interesses da empresa. Até a Prefeitura - muitas vezes, o comandante de plantão e seu grupo -, entra no jogo e leva a cidade junto.

Há algumas pequenas cidades que primam pela especulação. São nesses lugares onde os roleiros grassam. Eles vendem e compram tudo. Aí, geralmente, é onde o custo de vida mais sobe e ganhar dinheiro a todo custo é o mais importante na vida. A ética passa longe daí. A esperteza é o destaque do comerciante 24 horas.

Geralmente, a vida social e cultural nesses lugares é muito pobre. Dificilmente, se encontra escolas de música, teatro, coral, danças, pintura, ou mesmo a presença de artesanato. Poucos grupos de cultura tradicional como as folias de reis, catira, congadas ou mesmo artesanato, tendem a desaparecer.


Há pouco incentivo para as pessoas lerem, principalmente para crianças, adolescentes e jovens. Quando há bilbioteca, poucos a frequentam. Nas casas, poucos livros e objetos de arte. O estudo e a educação não são muito importantes. Quando os jovens entram em faculdades, geralmente são da periferia do ensino superior, em escola privada e de baixa qualidade.
Poucos conseguem enfrentar a forte concorrência das universidades públicas, estaduais ou federais.

O diploma tem a simples finalidade de conseguir um bom emprego, não importando a qualificação do profissional. O curso de Medicina tem sido descoberto como o principal filão dos últimos anos, pois os salários desses profissionais na região ultrapassam os R$ 10 mil, independente de concursos públicos. Algumas famílias investem mais de R$ 300 mil na formação do filho, esperando o retorno, seguro, em poucos anos.
Nessas cidades, vê-se poucos estudantes de cursos de ciências humanas e sociais.

Os valores sociais são mediados pela presença do cifrão. Há poucas relações afetivas, de amizade, camaradagem, de forma sincera e desinteresseira. A competição e a contação de vantagens, de auto-elogios, são uma constante. O olhar depreciador de outra pessoa toma conta de quase todos. A fofoca encontra um terreno fértil para prosperar.


Aí, a medida do valor das pessoas passa pelo tamanho do seu patrimônio material.

É claro, que muitas cidades possuem características mescladas, com um tipo de economia e linha de produção mais destacada, convivendo com outras totalmente diferentes.
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Analise o seu lugar e discuta com seus amigos e familiares:
qual o perfil de economia real do nosso município?
Em que os fatores econômicos influenciam o nosso modo de ser e viver?

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