terça-feira, 18 de outubro de 2011

UFVJM: Depois da aberração, o preconceito

UFVJM: Depois da aberração, o preconceito
Pedro Afonso

As fronteiras já foram desestabilizadas. Mas, o nome não tem fronteiras, os objetivos sim
A UFVJM É NOSSA !!!
E lá se vai mais um dia, mais um dia que se aflora no espírito do povo que mora no Vale a inquietude, a indignação e o inconformismo.

A expansão da UFVJM, não é de hoje que não é recepcionada a bom grado pelos cerca de um milhão de habitantes da região. Desde a implantação de um campus em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri e a criação de Fazenda Experimental em Curvelo, na região central, a comunidade jequitinhonhense vem amargurando um descaso pelo desencontro da Universidade com seu objetivo precípuo: o compromisso com o desenvolvimento e a emancipação do Jequitinhonha que a engendrou.

Agora, ao buscar ampliar e afirmar a característica de estrutura multicampi, a criação de novas unidades em Janaúba, no norte de Minas e Unaí, no noroeste do Estado, é mais um fato que, indelével, confirma a exclusão do Jequitinhonha e o coloca divorciado dos propósitos da instituição.

E se a política é quem aquilata essas mudanças, o povo do vale o sabe muito bem que esta “é a continuação da guerra por outros meios” e que segue a explorar e usurpar os recursos de uma região que há muito é massa, marca é ícone para manobras da pró-politicalha e dos bastidores que inacessíveis ao espaço público se afirmam pela presunção de legimitidade da administração pública, mas que aos poucos a suspeição a desvela assim como uma artesã abstrai do largado barro, em arte, a beleza da terra.
Resistência enquanto liberdade é o que não é escasso na voz desentranhada pelos diversos movimentos contrários a expansão da universidade para algures que não guardam consigo quaisquer identidades geopolíticas ou afinidades da forma como a universidade foi pensada para o Vale no século passado.

E não fosse o bastante cerrar os ouvidos ao Jequitinhonha, agora não querem sequer rememorá-lo. É manifesto o preconceito! As fronteiras já foram desestabilizadas e transpostas, mas o nome não tem fronteiras, os objetivos sim. O discurso já previsto pelos militantes “Agora vai mudar o nome?”, se acentua e se amolda para o desvio da atenção e mortifica. Em preconceito, se encerra a aberração.

Desencontro, descaso, omissividade estatal e ignorância da realidade do Jequitinhonha e suas potenciais demandas é o que, por excelência, acarreta a expansão da universidade para outras regiões. A expansão mitigatória da política da exclusão, em nada se coaduna para a erradicação da pobreza e para a redução das desigualdades entre as regiões.

Em falácias e mais falácias, Araçuaí e Almenara não podem sediar campus da universidade porque sediam IFETs. Ora, por que então o Governo Federal ainda implanta IFETs em Diamantina e Teófilo Otoni?! A questão não é de quantificação, mas de respeito.
Ao Jequitinhonha não deixe que figuras altruístas lancem novos anzóis e fisguem novamente nossas onhas em piracema. Que os deixe em novo equívoco envidar, mas não nos esqueçamos de nossa sede.
Pedro Afonso é acadêmico de Direito, da PUCMG. È natural de Itamarandiba, onde mora.

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