segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Almenara, facho de luz


Almenara, facho de luz
Emille Xavier Cordeiro, 15 anos
Minas Gerais e a produção de ouro e outras riquezas minerais tornaram-se de tal forma sinônimos que o próprio nome do nosso estado indica essa condição de grande produtor de minérios, cuja descoberta completa 300 anos em 2011.


É impossível para qualquer mineiro desconhecer, desde os primeiros anos da escola, a importância que o Ciclo do ouro trouxe para nosso Estado. Essa paixão por nossa terra nasce em cada um de nós e é de tal forma que não pode ser medida apenas em riquezas, uma vez que, no entender dos nossos historiadores mais renomados, a descoberta e a exploração das minas pouca melhoria trouxe à população mais humilde durante o período colonial.


Apesar disso, é impossível não reconhecer que a época do ouro tem importância de primeira ordem.


Temos como exemplo o que aconteceu quando se inaugurou Brasília: com o deslocamento do
Governo Federal, houve a interiorização do poder, antes limitado à faixa litorânea do nosso país. A descoberta do ouro há 300 anos foi sem dúvida o primeiro incentivo para que os Sertões então inóspitos e desconhecidos se beneficiassem com a chegada da civilização. O movimento das entradas e bandeiras e a debandada em massa das populações litorâneas em busca de um El Dourado, aparentemente fácil e muitas vezes fictício, foram decisivos para fixar o homem nessas regiões.

Almenara e todo o Baixo Jequitinhonha nunca foram grandes produtores de ouro mas, nas outras regiões centrais do Estado, com tanta mão de obra disponível utilizada na extração do minério, às outras áreas ficou o papel de prover com mantimentos e servindo de vias de escoamento e controle de contrabandos para que os mineradores pudessem exercer seu trabalho.


Almenara e a região onde está situada tiveram durante o Ciclo do Ouro esse papel secundário. Com a inexistência de estradas, o Rio Jequitinhonha, então navegável e caudaloso, era um escoamento natural da produção aurífera da parte central de Minas para a Bahia, daí a importância de postos de vigia para controlar o fluxo migratório e proteger os viajantes. Esses postos de vigia, à margem dos rios, deram origem às cidades como hoje as conhecemos.


Minha cidade foi fundada pelo Alferes Julião Fernandes Leão e recebeu inicialmente o nome de São João do Vigia, que indicava a finalidade da pequena população nascente. Somente em 1938 foi elevada à condição de cidade, tendo a sorte de ter seu nome mudado para o lindo topônimo Almenara. Essa decisão foi tomada por um dos secretários de Estado do governador Benedito Valadares, que escolheu esse vocábulo de origem árabe, tão sonoro e tão bonito, para não fugir muito do seu nome anterior, uma vez que a palavra Almenara, entre as muitas acepções no idioma árabe, pode também ser traduzida para farol, torre de vigia, local de reunião dos soldados que defendiam as fortalezas ao redor de fogueiras, que eram fachos
de luz.


Durante os meus 15 anos de vida, pude perceber o quanto o ciclo do ouro transformou minha
região, possibilitando-me usufruir de diversas culturas, enchendo-me de orgulho por viver em uma cidade cujo nome sugere focos de luz.


Esta redação foi premiada no concurso do redação "Eu, minha cidade e os 300 anos do Ciclo do Ouro em Minas", promovido pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais. A redação de Émile foi a escolhida entre as escolas da Superintendência Regional de Ensino de Almenara.

Emille Xavier Cordeiro, 15 anos, é aluna do Curso Técnico em Agropecuária (integrado ao Ensino Médio) - IFNMG – Campus Almenara

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