sexta-feira, 15 de junho de 2012

Itaobim: II Fórum da Mulher do Vale propõe criar Conselhos da Mulher em todas as cidades


O evento serviu como espaço de debate para as questões das mulheres da região.
As organizadoras confirmaram a realização da III Fórum em 2013, em Capelinha 
Paulo Henrique dos Santos

 Discutir as demandas da mulher do Vale do Jequitinhonha em meio a muita música e celebração da cultura regional. Esse foi o ritmo que conduziu a realização do II Fórum da Mulher do Vale, nos dias 23 e 24 de maio em  Itaobim.  O evento, que faz parte do calendário oficial de comemoração do cinquentenário do município de Itaobim, contou com a presença de lideranças políticas regionais e nacionais, líderes e integrantes de movimentos sociais, comunidades indígenas e quilombolas e grupos de cultura regional.

A promoção do evento foi uma parceria entre a Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais (PROEX-UFMG), Fundação de Artes de Ouro Preto (FAOP) e Prefeitura Municipal de Itaobim.

Com foco na criação de Conselhos Municipais de Mulheres, o fórum teve palestras sobre acesso às políticas públicas de promoção de igualdade para as minorias (mulheres do campo, indígenas, negras e de comunidades quilombolas), participação política feminina e valorização das comunidades tradicionais.

A abertura contou com a apresentação do cantor Wellington Gil, interpretando os hinos Nacional e Municipal e a música “Mulher Brasileira”. Em seguida, discursaram João Pereira, Prefeito de Itaobim e Marizinha Nogueira, Pró-Reitoria adjunta de Extensão da UFMG. Ambos destacaram a importância do fórum como espaço de discussão e proposição de idéias para a melhora de condições da população feminina do Vale.
Marizinha aproveitou a ocasião para anunciar um convênio com a prefeitura para a construção de um centro de referência da cultura do Vale do Jequitinhonha na cidade. O projeto arquitetônico será elaborado por Flávio Carsalade, diretor da Escola de Arquitetura da UFMG e o centro tem o objetivo de ser um entreposto de artesanato e de produtos cultivados na região.

A programação continuou com a palestra de Maria do Carmo Ferreira da Silva, Coordenadora do Fórum Intergovernamental de Igualdade Racial e Assessora para Assuntos Federativos da Secretara de Política de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR). Cacá, como é conhecida, apresentou dados do Censo da Educação de 2010 que comprovam a maior participação feminina em atividades ligadas às áreas de saúde, educação e ciências sociais e apontou a necessidade de conquista de espaços ainda dominados pelo homem, como o campo político e das ciências exatas, onde encontram-se profissões com predominância masculina - caso da engenharia, por exemplo. Ainda no âmbito do trabalho da secretaria, Cacá apresentou programas voltados para a inclusão das minorias e combate à prostituição e ao tráfico de mulheres.
O segundo debate do dia foi conduzido por Marlise Mattos, professora do Departamento de Ciência Política da UFMG. Ex- integrante do Conselho Estadual da Mulher de Minas Gerais. Marlise falou sobre a baixa representatividade feminina no sistema político regional e nacional, apesar da presidência do Brasil ser ocupada por uma mulher. Segundo ela, o sistema político brasileiro atual não favorece a disputa de espaço em igualdade de condições com os homens.

“A ocupação da mulher na política hoje exige que o homem saia”, afirmou. Ela defendeu a criação dos conselhos municipais da mulher como forma de pressão sobre o poder público e sendo capaz de estabelecer uma agenda que olhe para as necessidades reais das mulheres do Vale do Jequitinhonha.
O encerramento das atividades contou com a apresentação da Carta da Mulher e do Álbum de Fotos da Mulher do Vale, que são documentos elaborados a partir das discussões do fórum anterior, realizado na cidade de Jequitinhonha em 2011.
O segundo dia do evento foi dedicado às discussões sobre identidade e diversidade da mulher nas comunidades tradicionais, como as indígenas e quilombolas. O ex- coordenador para Comunidades Tradicionais do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome e atual professor do Departamento de Sociologia e Antropologia da UFMG, Aderval Costa Filho, ressaltou que a luta por visibilidade é uma forma de garantir direitos para essa população específica.
Sanete Esteves de Souza, representante da Secretaria Nacional que trata da questão quilombola, e Cleonice Maria da Silva, indígena da Aldeia Cinta Vermelha, da cidade de Araçuaí, deram exemplos, através de seus relatos de experiência, de como uma comunidade tradicional pode se organizar na busca de reconhecimento de suas demandas perante o poder público.
Os povos tradicionais são compreendidos como grupos comunitários culturalmente diferenciados e que se reconhecem desta forma perante a maioria da população brasileira.

Em seguida, Maria Alice Braga, organizadora do evento, sugeriu que cada mulher se apresentasse às demais, o que proporcionou um intenso debate e troca de experiências. Na parte final do evento, os encaminhamentos foram realizados por Marlise Mattos, que apresentou os resultados apurados durante as discussões e estabeleceu junto às lideranças o compromisso com a efetivação dos Conselhos Municipais da Mulher.
Maria Alice e Marizinha Nogueira foram as responsáveis pelo encerramento oficial do II Fórum da Mulher do Vale, anunciando a próxima edição do evento para maio de 2013 na cidade de Capelinha.  Após o anúncio, houve apresentação cultural do Grupo Feminino de Itaobim (GRUFEMI),  coroando dois dias de debates que serviram para refletir sobre a situação da mulher e reafirmar o protagonismo e a força da população feminina do Vale do Jequitinhonha. 

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