sexta-feira, 22 de junho de 2012

PF desbarata quadrilha que deu rombo de R$ 100 milhões em prefeituras do Vale e norte de Minas



 Empresário Luiz Eduardo Mota suspeito de fazer parte de esquema fraudulento em Minas

Ministério Público Estadual (MP), Polícia Federal e as receitas estadual e federal deflagraram, nesta quinta-feira (21), operação para desarticular uma quadrilha especializada em fraudes em licitações e desvio de dinheiro público. O esquema teria atuado em pelo menos 36 prefeituras do Norte de Minas, causando rombo de R$ 100 milhões nos cofres públicos. Na ação, foram presas 16 pessoas e cumpridos outros 104 mandados de busca, apreensão e de sequestro de bens. O material e os suspeitos foram levados para a sede da PF, em Montes Claros. O Hoje em Dia acompanhou a operação, batizada de ‘Máscara da Sanidade’.

A investigação vem sendo feita há seis meses e foram analisados contratos fechados desde 2005. As buscas foram em prefeituras, empresas e nas casas dos suspeitos. Segundo a PF, o esquema teria como mentores os empresários Evandro Leite Garcia e a esposa dele, Maria das Graças Gonçalves Garcia. Os dois foram presos. A suspeita é a de que o grupo atuava desde 1994. Existem, inclusive, condenações contra as empresas na Justiça, mas, mesmo assim, a fraude continuou. Apesar do esquema se concentrar no Norte de Minas, segundo a PF, a quadrilha pode ter ramificações em outras regiões.

Atuação

Segundo a PF, cinco construtoras que possuem ligação com Evandro e que têm sede em Montes Claros manipulavam as licitações para obras, com a ajuda de prefeitos e de servidores. As empresas possuem registros em nomes de ‘laranjas’ ou de outros envolvidos no esquema para burlar a fiscalização. Entre os estabelecimentos investigados, três continuam abertos. Segundo a PF, o vencedor da disputa era definido previamente. O inquérito aponta ainda que foram 46 obras. Vão desde calçamento de ruas à construção de escolas.

A fraude, porém, é apenas uma das irregularidades. Depois disso, o grupo agia de diversas formas. A mais comum era a utilização de notas fiscais falsas. A empresa vencedora recebia pelo pagamento das obras que deveriam ser realizadas, mas, na verdade, as prefeituras é que faziam o serviço. O dinheiro arrecadado era dividido entre a empresa e os integrantes da organização, incluindo a parte dos prefeitos. Há casos em que a fraude era executada por meio da contratação de empresas que não participaram da licitação por um preço inferior ao acordado, da utilização de materiais mais baratos do que os que foram listados no processo ou então por meio do superfaturamento.

Os suspeitos serão indiciados por formação de quadrilha, crimes contra a administração pública, falsidade ideológica, desvio de verbas e lavagem de dinheiro. Cerca de 200 policiais participaram da ação.

Lucca Figueiredo, enviado especial a Montes Claros - Hoje em Dia

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