quinta-feira, 25 de abril de 2013

DONA IZABEL, ARTESÃ DO VALE, É UMA DAS PRINCIPAIS REPRESENTANTES DA ARTE POPULAR BRASILEIRA

Dona Izabel, ceramista de Ponto dos Volantes, expõe peças na mostra Mestres da Arte Popular, no Rio de Janeiro

A ARTESÃ MINEIRA DONA IZABEL, DE 88 ANOS E A PRESIDENTA DILMA ROUSSEF
Izabel Mendes da Cunha, artesã da terceira geração de ceramistas em sua família, desde pequena costumava fabricar potes, travessas e outras peças no semiárido mineiro.

Certa vez, ainda criança, a garota que fazia as próprias bonecas com sabugo de milho viu a mãe moldando uma moringa no barro e percebeu ali a forma de um corpo. Teve uma ideia. A partir daquele instante, faria da cerâmica a matéria-prima para suas brincadeiras.

Dona Izabel cresceu, aperfeiçoou suas criações e se transformou numa das principais representantes da arte popular brasileira.

As bonecas de cerâmica são a marca registrada da artista que é considerada a responsável por promover uma transformação na economia do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, e que hoje, aos 88 anos, continua em atividade e mantendo seu legado na figura das filhas e outros discípulos na pequena comunidade de Santana do Araçuaí, em Ponto dos Volantes, no Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas  Gerais.

Algumas das peças de Dona Izabel estão em exposição na Galeria Pé de Boi, em Laranjeiras, na casa da primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama e agora na  mostra Mestres da Arte Popular.  .

A exibição reúne cerca de 120 peças de artesãos do agreste, a maioria à venda, e outras que compõem o acervo da galeria e só foram vistas anteriormente em exposições como a Mostra Comemorativa dos 500 Anos do Descobrimento do Brasil, em São Paulo, e a Brasil Corpo e Alma, realizada no Museu Guggenheim, em Nova York.

Ana Maria Chindler, proprietária da Pé de Boi, há 28 anos garimpa esses achados em suas incursões pelo Norte e nordeste de Minas e o Nordeste brasileiro.

Ela destaca entre as criações, peças de Zé do Chalé, descendente dos índios xocós que começou a produzir depois dos 80 anos; Nino, um mendigo de Juazeiro do Norte, no Ceará, cujas obras, esculpidas em pedaços de madeira, receberam elogios do escultor norte-americano Richard Serra; e Manuel Eudócio, contemporâneo de Mestre Vitalino.

Para Ana, a maior dificuldade é despertar o interesse dos brasileiros para essas manifestações artísticas genuinamente nacionais. "O Brasil ainda tem um olhar de colonizado. O brasileiro gosta mais de olhar pra fora do que olhar pra si próprio", diz Ana. "As pessoas podem viajar pra Bali (principal destino turístico da Indonésia), e expor na sua sala peças da ilha, mas dificilmente vão ter um objeto indígena ou de arte popular naquele espaço", acrescenta.

FONTE: JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO 

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