quarta-feira, 15 de maio de 2013

Assistentes Sociais têm muito pouco a comemorar no seu Dia, no Vale do Jequitinhonha

Assistentes Sociais têm menores salários dos serviços públicos do Vale
Há Prefeituras que pagam apenas R$ 1.000 na contratação dos profissionais



Artepara as comemorações do Dia do/a Assistente Social 2013 (Fotos: Bruno Costa e Silva / Arte: Rafael Werkema)

O tema "Serviço Social na luta contra a exploração do trabalho", definido no 41º Encontro Nacional, em 2012, reafirma o compromisso do Conjunto e de assistentes sociais, enquanto trabalhadores e trabalhadoras, com as lutas históricas da classe trabalhadora e contra as ações que procuram inibir, obstaculizar e coibir suas formas de resistência e de organização coletiva.

Diariamente, assistentes sociais e outras trabalhadoras do Brasil se veem obrigadas a serem "polivalentes", como as instituições empregadoras impõem, com jornadas triplas de trabalho, exercendo múltiplas funções, mas recebendo salários insuficientes para uma vida digna.

Assistentes sociais e outros trabalhadores brasileiros são chamados de "colaboradores", mas ao final do mês percebem que não receberam nada em troca; que quem lucrou foram somente as pessoas que controlam as instituições empregadoras, ou em uma linguagem mais próxima da classe trabalhadora, o "patronato".

Por isso, o tom da temática do 15 de maio ultrapassa a ideia de comemoração ou de visibilidade ao serviço social no período. Como nos anos anteriores, expressa o posicionamento político de uma categoria que há mais de 30 anos vem defendendo: "chega de exploração".

"Urge lutarmos contra a exploração do trabalho e por melhores condições e relações de trabalho para a toda a classe trabalhadora e, principalmente, assistentes sociais, que vivenciam entraves e limites institucionais que expressam o modo de agir do Estado nas respostas às expressões da 'questão social', por meio de políticas sociais focalizadas e o modo como os indivíduos são tratados pelo sistema do capital, diante das respostas às suas necessidades e projetos de vida", afirmou a coordenadora da Comissão de Comunicação e presidente do CFESS, Sâmya Ramos.

Os CRESS e Seccionais em todo o Brasil já estão organizando eventos para as comemorações no mês de maio. 
Assistentes Sociais têm os menores salários nos

 serviços públicos  no Vale do Jequitinhonha

Junto com os professores e psicólogos, os Assistentes Sociais têm os menores salários de profissionais de nível superior nos serviços públicos brasileiros. 
No Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas Gerais, em seus 80 municípios há cerca de 450 profissionais desta área, atuando no SUAS - Sistema Único de Assistência Social.
Eles, principalmente, elas, são contratadas/os por salários irrisórios que pouco dignificam a profissão. Todo mundo acredita que pode fazer o papel de Assistente Social, enquanto o saber e a profissão têm atribuições específicas que demandam muito estudo e apuração técnica para exercê-las.
Assistente Social não é profissão de ficar distribuindo filantropias, nem é "aquela mulher boazinha que o governo paga para ter dó de nós". Esta profissão trabalha com a função de viabilizar politica de direitos sociais muitas vezes negados, principalmente à população mais pobre. 
Como é uma atividade ligada ao cuidado com as pessoas e famílias em vulnerabilidade social não tem reconhecido seu valor profissional, como acontece com psicólogos e professores.
Confira abaixo  os irrisórios salários pagos a Assistentes Sociais pelas Prefeituras do Vale do Jequitinhonha.
O maior salário pago é da Prefeitura de Itinga de R$ 2.586. Os menores são das Prefeituras de Angelândia, Cristália, José Gonçalves de Minas e Olhos Dágua, de R$ 1.000, menos de 1,5 do valor do salário mínimo.  
Muitas Prefeituras exigem a carga horária de 8 horas. Outras não respeitam a lei federal que estipulou a carga horária dos Assistentes Sociais em 6 horas/dia sem redução dos salários. 
Salários de profissionais do SUAS - Vale do Jequitinhonha
                      Nordeste de Minas Gerais

N.
MUNICIPIO
ASSISTENTE
SOCIAL
01
Almenara
1.600
02
Angelândia
1.000
03
Araçuaí
1.726
04
Berilo
1.440
05
Bocaiúva
1.666
06
Cachoeira do Pajeú
1.200
07
Capelinha
1.411

08
Carbonita
2.493
09
Chapada do Norte
1.230
10
Comercinho
1.125
11
Coronel Murta
1.696
12
Couto Magalhães de Minas
1.640
13
Cristália
1.000
14
Diamantina
1.566
15
Divisa Alegre
1.800
16
Felício dos Santos
1.500
17
Felisburgo
1.500
18
Gouveia
2.000
19
Itamarandiba
1.840
20
Itinga
2.586
21
Jacinto
2.000
22
Jenipapo de Minas
1.500
23
Jequitinhonha
1.700
24
Joaíma
1.800
25
Jordânia
1.800
26
José Gonçalves de Minas
1.000
27
Josenópolis
2.200
28
Leme do Prado
1.400
29
Malacacheta
2.260
30
Mata Verde
1.496
31
Minas Novas
2.120
32
Novo Cruzeiro
2.030
33
Olhos D’Água
1.000
34
Palmópolis
2.100
35
Ponto dos Volantes
1.402
36
Rubim
2.000
37
Salinas
1.800
38
Santa Cruz de Salinas
1.500
39
Santa Maria do Salto
2.000
40
Santo Antônio do Jacinto
2.000
41
São Gonçalo do Rio Preto
1.479
42
Senador Modestino Gonçalves
1.500
43
Turmalina
1.715
44
Veredinha
2.300
45
Virgem da Lapa
1.200

Tabela elaborada pelo psicólogo social Albano Silveira Machado.
Fontes: Editais de Concursos Públicos das Prefeituras Municipais,
de 2008 a 2013. Alguns salários podem conter incorreções devido
a alguma alteração neste período.


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