quarta-feira, 15 de maio de 2013

Protesto em BH por adiamento de julgamento do mandante da chacina de Felisburgo

Um grupo de manifestantes ocupou as ruas no Centro de Belo Horizonte, protestando contra o adiamento do julgamento de Adriano Chafik. Pretende ficar acampado em frente ao Fórum Lafaiete por tempo indeterminado

Representantes do Movimento dos Sem Terra (MST) pretendem ficar acampados em frente ao Fórum Lafayete, no Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, por tempo indeterminado.

Os manifestantes querem a remarcação da audiência e a prisão preventiva do suspeito.

O grupo protesta contra o adiamento do julgamento do fazendeiro Adriano Chafik, acusado de comandar o ataque ao acampamento Terra Prometida, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, quando cinco pessoas morreram.

Os manifestantes querem a remarcação da audiência e a prisão preventiva do suspeito. Eles afirmam que pretendem ficar acampados no local até que sejam atendidos por um juiz.

“Temos três grandes objetivos: o primeiro é a remarcação imediata do julgamento. Não é possível que com a justificativa pífia do juiz continue a impunidade. O segundo objetivo é que queremos o assentamento imediado das famílias em Felisburgo. O terceiro e último é a prisão preventiva do fazendeiro Adriano Chafik”, explica Silvo Neto, da direção estadual do MST.
  
O grupo está preparado para ficar no local. Os manifestantes carregaram até o Fórum, colchões, lonas, fogão, e alimentos, como feijão e mandioca. “Não temos dúvida que esse é um fato que deverá ouvir o trabalhador e esperamos ser recebidos pelo juiz. Se não condenar o Adriano Chafik é uma carta branca para fazendeiros continuarem matando nos campos brasileiros”, afirma Neto.


A tropa de choque acompanha a movimentação do MST. Nesta manhã, a manifestação causou lentidão no Centro de Belo Horizonte.

Os manifestantes se encontraram com servidores da Prefeitura, em greve desde o início do mês, e um grupo que protestava na Praça Milton Campos, contra 11ª rodada de licitações de blocos para a exploração de petróleo e gás natural e a privatização de barragens. Juntos, todos saíram em passeata.


Entenda o caso

A Chacina de Felisburgo ocorreu em 20 de novembro de 2004, quando 17 homens invadiram o acampamento Terra Prometida, na Fazenda Nova Alegria, e atearam fogo em barracos e plantações.

Além das cinco vítimas executadas com tiros à queima-roupa - Iraguiar Ferreira da Silva, de 23 anos, Miguel Jorge dos Santos, de 56, Francisco Nascimento Rocha, de 72, Juvenal Jorge da Silva, de 65, e Joaquim José dos Santos, de 48 - 20 pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança de 12 anos.

O crime foi a segunda maior chacina de sem-terra no País, atrás apenas dos assassinatos de 19 trabalhadores por policiais militares em Eldorado dos Carajás (PA), em abril de 1996.

O julgamento estava previsto para ser iniciado nesta quarta-feira, mas a defesa de Chafik apresentou na segunda-feira pedido de adiamento para que sejam ouvidas 60 testemunhas do processo na Comarca de Jequitinhonha, a 690 quilômetros da capital.


Segundo o advogado Rogério Del Corsi, um dos defensores de Chafik, o adiamento foi pedido para que sejam ouvidas 60 testemunhas de defesa e acusações na comarca de Jequitinhonha. Essas pessoas já deveriam ter sido ouvidas por carta precatória expedida por Glauco Soares, mas, de acordo com Del Corsi, um equívoco da Justiça impediu a realização das oitivas. "Ao invés de ouvir as testemunhas, a Justiça apenas expediu intimação para que elas compareçam no julgamento em Belo Horizonte. Mas nenhuma testemunha é obrigada a ir para outra cidade", observou.

O pedido foi acatado pelo juiz.

Fonte: Portal UAI




Comentário do Blog:
Este julgamento vem sendo adiado há anos. O crime aconteceu Há 8 anos e seis meses. Adriano Chafik se declarou responsável como mandante pela chacina. Seus advogados vem usando de prerrogativas de filigramas das leis brasileiras para evitar o julgamento.

Como diz o presidente do Supremo Tribunal Federal - STF, Joaquim Barbosa, o "Brasil é um país que pune muito pessoas pobres, pessoas negras e pessoas sem conexões", disse. "Pessoas são tratadas diferentemente pelo status, pela cor da pele, pelo dinheiro que tem", acrescentou. "Tudo isso tem um papel enorme no sistema judicial e especialmente na impunidade", argumentou.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário