domingo, 21 de julho de 2013

Ministro da Saúde pede que entidades médicas formulem propostas, e não boatos

Ministro da Saúde admite necessidade de investir rapidamente em estrutura, mas rejeita argumento de conselhos: 'Estamos falando de atenção básica, e não de hospitais altamente completos'

ELZA FIÚZA/ABR
Alexandre Padilha
Infraestrutura em unidades de saúde será alvo de investimentos prioritários, afirmou o ministro
São Paulo – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou hoje (17) que não admitirá “ataques pessoais” e “boatos” vindos de entidades médicas que protestam contra as medidas anunciadas pelo governo federal neste mês, em especial o Programa Mais Médicos.
“Neste debate de divergências, propostas são importantes. O que eu não admito e lamento muito são debates de ataques pessoais ou de boatos. Circulou o boato por aí, com ações de entidades, de dizer que o Ministério da Saúde não executou R$17 bilhões do orçamento em 2012. Isso não é verdade, o ministério emprenhou todo o volume de recursos autorizados pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento”, disse à Rádio Brasil Atual.
O Conselho Federal de Medicina (CFM), também em entrevista à Rádio Brasil Atual, afirmou que iria estudar medidas judiciais cabíveis para barrar as medidas propostas pelo governo. Já a Associação Médica Brasileira (AMB), em junho, informou em nota que entrou com ação por ato de improbidade administrativa contra Padilha, “por deixar de utilizar R$17 bilhões do orçamento do ministério da Saúde entre os anos de 2011 e 2012.”
O ministro afirmou hoje que especulações sobre a veracidade de seu diploma de medicina chegaram a circular na internet nas últimas semanas. “Algumas entidades, de forma isolada, optaram por fazer ataques pessoais ou divulgar informações que não se sustentam, que não são verdadeiras. Especulações sobre meu diploma chegaram a circular, e até a USP fez esclarecimento sobre isso.” Em nota, a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) esclareceu que o ministro concluiu os programas de residência médica e Pós-Graduação da faculdade.
Padilha disse esperar das entidades a apresentação de propostas contrárias àquelas do programa do governo federal. “Que as propostas sejam apresentadas, o governo federal apresentou um conjunto de ações que vão da infraestrutura, aumento de recursos, de vagas para formação e chamamento que prioriza médicos brasileiros. Precisamos debater propostas.”

Infraestrutura

Uma das maiores críticas levantadas pelas entidades médicas é em relação à falta de infraestrutura em saúde para atendimento adequado à população nas regiões periféricas das grandes cidades e em municípios do interior do país. Segundo as entidades, de nada adianta levar médicos se os equipamentos de saúde não forem adequados. O presidente da AMB, Murilo Rezende de Melo, acusou o Mais Médicos de "medida populista".
Padilha afirmou que apesar de certas localidades não possuírem a estrutura adequada, a presença de médicos é fundamental no atendimento em atenção básica de saúde à população. “Há lugares em que não têm infraestrutura, verdade, mas estes lugares têm pessoas, uma população que precisa ser atendida, e o médico, junto com a equipe multiprofissional, do lado do paciente, em qualquer situação, faz a diferença. Estamos falando de atenção básica, não estamos falando de hospitais altamente completos, e a atenção básica salva vidas.”
A infraestrutura em hospitais e unidades básicas de saúde será alvo de investimentos prioritários no Programa Mais Médicos, afirmou o ministro. “Precisamos melhorar infraestrutura, por isso a primeira ação do programa é aumentar investimento em infraestrutura, com orçamento crescente da saúde. Estamos com 20 mil unidades em construção, mas algumas já estão prontas só que não conseguem entrar em funcionamento, porque não tem médico suficiente para fazê-las funcionar.”

Programa

O Programa Mais Médicos para o Brasil prevê a contratação de médicos para atuar na saúde básica em municípios do interior e na periferia das grandes cidades. Entre os objetivos listados estão diminuir a carência de médicos nas regiões prioritárias para o Sistema Único de Saúde (SUS), de modo a reduzir as desigualdades regionais nesta área; fortalecer a prestação de serviços na atenção básica em saúde no país; e ampliar a inserção do médico em formação nas unidades de atendimento do SUS, desenvolvendo seu conhecimento sobre a realidade da saúde da população brasileira.
De acordo com o governo federal, a prioridade é contratar médicos formados no Brasil. Caso as vagas não sejam preenchidas pelos brasileiros, o governo contratará médicos estrangeiros ou brasileiros formados no exterior, sendo que os últimos terão preferência dentro deste grupo. A estimativa inicial do Ministério da Saúde é a abertura de cerca de 10 mil vagas, mas o número pode mudar, já que os municípios ainda vão se inscrever no programa.

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