quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Eleições aos governos dos Estados: projeções para 2014

Analistas paulistas acreditam em vitória de candidatos do PT aos governos de Minas, São Paulo e Rio 

Eduardo Campos se consolida como oposição renovada, mas Dilma se elege com facilidade

PSDB diminuirá em muito seu tamanho e se torna coadjuvante na oposição

Nesta semana estive em São Paulo desenvolvendo algumas consultorias e me reunindo com alguns cientistas sociais e jornalistas. Vários apresentaram projeções para as eleições de 2014 que, confesso, me surpreenderam. Socializo as análises convergentes e que não batem com as que faço (indico, após as observações que ouvi dos analistas com quem me encontrei, as minhas próprias observações):
1) A candidatura de Paulo Skaf (PMDB) levará a disputa pelo governo paulista para o segundo turno;
2) No segundo turno, projetam que Alckmin (PSDB) e o atual ministro Padilha (PT) se confrontam. A projeção de um importante analista político paulista é que o PT vence a eleição;
3) Os principais problemas de Alckmin seriam: segurança pública, casos de corrupção e desgaste nas alianças históricas dos tucanos paulistas. O caso da segurança é o mais grave. Os analistas citam que os índices de violência caíram em função da "guarda" montada pelo PCC. E, por este motivo, começaram a chantagear o governador paulista, o que inclui ameaças para parar a Copa do Mundo em 2014. Ouvi casos estarrecedores de como, por exemplo. o PCC chega a intimidar brigas de casal no centro da capital paulista para coibir a presença de carros da PM e, assim, "não prejudicar os negócios";
4) No sudeste, projetam vitória do PT em SP e RJ. Se Aécio Neves não for candidato a governador e sustentar a candidatura à Presidência da República, projetam que o PT também ganhará em Minas Gerais;
5) No caso do nordeste, o PSB levaria Bahia e Pernambuco, os dois Estados de maior destaque político na região;
6) Avaliam que o PSDB está em franco declínio eleitoral. E que a partir de 2016, PT se confrontará com PSB (talvez, unido à Rede e ao bloco hoje liderado pelo PSDB);
7) Lula já estaria muito preocupado com a dificuldade para gerar um sucessor de Dilma em 2018 (ou seja, os analistas paulistas avaliam que Dilma se reelege com segurança no próximo ano). Daí tentar fechar vários Estados para criar uma blindagem política. Mas em 2018, a situação para o lulismo será das mais difíceis. Interessante que nenhum dos meus interlocutores joga suas fichas na possível candidatura de Lula, em 2018.

Minhas projeções:
1) Acho que Alckmin vence com dificuldades em São Paulo. Minha projeção tem relação com a estrutura política que montou no interior paulista, em especial, na região oeste do Estado, porção mais despolitizada e fortemente marcada pelo clientelismo tradicional. Esta estrutura, aliás, se reproduz no tempo e foi inaugurada no pós-regime militar por Orestes Quércia. Todos governadores que se seguiram fortaleceram estes vínculos. Sei que os problemas com segurança pública são graves em São Paulo, mas não percebo, ainda, nenhum impacto tão significativo nos índices de intenção de voto tucano;
2) Não acredito que Aécio saia candidato ao governo mineiro, embora seja, de fato, o mais sensato da parte dele. Assim, seus dias de glória estão contados. Deve perder de maneira vergonhosa a eleição em 2014. Se isto ocorrer, o impacto sobre a disputa estadual em Minas Gerais será imenso, o que consolidará a candidatura de Fernando Pimentel. O PSDB, enfim, retornaria ao comando paulista que se tornaria uma ilha oposicionista cercado por lulistas por todos os lados;
3) Assim, Eduardo Campos despontará, a partir de 2015, como liderança das oposições. Uma oposição renovada, mais popular porque aliado de Marina e oriundo do lulismo (o que diminui o temor de que destruirá as políticas de transferência de renda e promoção do consumo popular).

Na minha projeção o equilíbrio entre lulismo e oposição renovada será maior do que me disseram os analistas paulistas. Para eles, em 2015 o lulismo governa sem percalços em todo o país e o PSDB se torna coadjuvante. O problema estaria em 2018, algo que, afirmam, já foi diagnosticado por Lula. 
Fonte: Blog do Rudá Ricci, cientista político, diretor geral do Instituto Cultiva, de Belo Horizonte.

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