sexta-feira, 21 de março de 2014

A força das manifestações: Quando o povo descobre o seu poder



“O povo não tem amigos.
O melhor amigo do povo
 é o povo organizado”.
(Graciliano Ramos)

Por Alexandre Macedo

Com certeza, junho do ano de 2013 é um mês que ficará eternamente lembrado na história brasileira. Ninguém nunca esquecerá do nosso “inverno primaveril”. Primavera não exatamente como uma simples estação do ano, mas como flores! Sim, flores! Aquelas mesmas que antecedem os frutos. E os frutos do envolvimento político da sociedade são diversos e sempre resultam em justiça, oferta qualificada de serviços públicos, saúde, assistência social, habitação, educação, enfim, tudo que é necessário a uma vida digna e justa, assim como prevê nossa Constituição Brasileira.

Já estava tardando o dia em que a população reconhecesse que a nossa tal “democracia representativa” não funciona por si só e que ela, só tem sentido, quando o povo também assume o seu papel no processo. É chegada a hora de entendermos que o ato de votar é muito pouco para alcançarmos as mudanças que desejamos ao depositar nossa confiança em alguém por meio de um mero voto. Até mesmo porque os nossos representantes não são super heróis! São pessoas comuns, que também saíram do meio do povo para se ascenderem ao Executivo e Legislativo. O simples fato de vestirem terno e gravata não fará com que eles sejam mais sábios e que não precisarão do povo para concretizarem grandes projetos.  Vou ser um pouco mais claro, representantes políticos sem o povo são iguaizinhos “baratas-tontas”, um “bando de perdidos”, pois é justamente no exercício político juntamente com a participação do povo é que eles se aperfeiçoam enquanto agentes públicos. 

Representantes políticos sem o povo são como empregados sem patrão, se ninguém planeja e diz o que é para o empregado fazer, ele ficará o dia todo sentado sem produzir nenhum resultado. Assim é a relação entre o povo e seus representantes políticos.  Entendemos então que o representante político  nunca executará o seu ofício se o patrão (povo) não ordenar. Vejamos, se é assim, temos que manter uma relação estreita com eles, afinal, eles são os nossos representantes, ou seja, estão no ”nosso lugar”, devem fazer aquilo que ordenamos, se não fizerem, não merecem nosso voto e estão traindo aqueles que os elegeram. 
Para que uma relação eficaz entre representante e representado seja frutífera é preciso que estabeleçamos a pauta. Por exemplo: O que queremos para a nossa cidade? Quais são os seus problemas? Quais são as prioridades? Como concretizar? Há verbas para tal? Partindo dessas indagações basta criarmos alguns “GT´s”, ou seja, “Grupos de Trabalho”. Precisamos, então, escolhermos os assuntos elencados nas discussões e intimarmos nossos vereadores e prefeitos para comparecerem às reuniões. Pronto! Fácil não é? Uma dúvida: “Mas será que eles irão nas reuniões?!” Se forem convidados e não comparecerem, “farão feio”, provarão que não são verdadeiros representantes e não merecem seu voto, pois um verdadeiro político sempre está presente onde há um coletivo organizado discutindo melhorias para o contexto em que vivem.

Dessa lição não podemos nos esquecer, ou seja, para que nossos representantes políticos possam executar bons trabalhos é preciso que o povo imponha as tarefas, que discuta-as conjuntamente e acompanhe a execução, caso contrário nada vai acontecer. Se ninguém aponta os problemas, as coisas irão sempre parecer normais. 

Lembremos que, após as manifestações, é preciso agora discutir as estratégias para que o nosso grito se materialize em ações concretas rumo ao encontro daquilo que aspiramos. Uma boa estratégia seria a de ocuparmos e criarmos espaços de decisão e participação política. Que tal criar Grupos de Trabalhos sobre a cultura, o lazer e a saúde em sua cidade? Como se encontra a saúde? O hospital e as unidades de saúde prestam serviços com qualidade? Há opções de lazer nos bairros? Há eventos culturais constantemente? Há locais para práticas esportivas? Não tem? Por que não?! 

Tudo isso necessita ser debatido com nossos representantes com o objetivo de se identificar os problemas e as possibilidades de melhorias. É preciso também participar dos espaços já existentes como Câmaras de Vereadores, Associações de Moradores, Conselhos Municipais de Políticas Públicas (Educação, Saúde, Assistência Social, Esporte, etc.), audiências públicas e outros. Resumindo em um parágrafo é o seguinte: 

É preciso criar maneiras para que nossos representantes estejam a todo o momento envolvidos com tarefas referentes ao nosso município, que tenham agendas lotadas de reuniões a participar, cada dia em um bairro diferente e assim por diante. Nunca esqueçam, se nós não criarmos as demandas, nada acontece. Sempre foi assim e sempre será.

Finalizo esse texto, desejando que toda essa energia revelada por todos os brasileiros nestes últimos dias seja canalizada rumo a um novo processo político no Brasil. Que entendamos de uma vez por todas que a política só é POLÍTICA quando o povo participa diretamente das decisões. 

Chega de esperar somente dos nossos representantes, trabalhemos junto com eles, indicando-lhes a direção e quais são os projetos que contemplam a vontade coletiva. Somente quando representante e representado se relacionam é que grandes projetos se concretizam, para isso é preciso cidadãs(ãos) ativa(os) e representantes com vontade política e atitudes democráticas. Dessa relação coisas boas sempre vêm! 


Alexandre Macedo é assistente social, natural de Capelinha-MG, reside em Curitiba/PR e acredita que diversos frutos virão a partir das manifestações de Junho de 2013

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