quinta-feira, 1 de maio de 2014

Desabafo de um estudante pobre que sofre para se formar na UFVJM.

Estudante da UFVJM, do campus de Diamantina, publica desabafo na página do facebook, contando as desventuras do estudante pobre que consegue ser selecionado e se matricular em algum curso da instituição. 
Ele aponta as fragilidades e deficiências da Assistência Estudantil e registra as agruras vividas pelo estudante de famílias de baixa renda.
Pergunta porque uma Universidade inserida no Vale do Jequitinhonha não possui uma política especial de assistência estudantil.




"Já escrevi uma postagem sobre o que aconteceu. Mais uma vez, hoje na fila da marmita, mas foda-se! Eu quero desabafar. Estudo nessa faculdade há seis anos. 

Estou me formando, graças a Deus, Depois de muito sofrimento e muito perrengue. Quando fiz vestibular, me disseram “Você não vai conseguir passar” e eu passei. E durante todo o meu curso eu ouvia frases do tipo “Você não vai conseguir se formar”, porque “pobre não estuda”, mas eu estou aqui quase me formando. 

Entretanto, eu não digo que a faculdade tenha me ajudado muito nesse quesito. Grande parte do fato de eu estar me formando vem do meu esforço e jogo de cintura para burlar as adversidades. A UFVJM - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri tem um programa de assistência estudantil que é um dos piores, se não o pior programa de Assistência Estudantil desse país. E por que eu digo isso? Porque, além de conhecer outros programas em outras universidades, conheci inúmeras pessoas que foram obrigadas a sair da faculdade, ou mudaram de universidade, porque não tinham condições de viver nessa cidade e de estudar nessa universidade. 


Comida cara no campus e em Diamantina
Nós não temos moradia. Uma colega minha foi obrigada a sair da faculdade, pois não tinha onde morar. Não temos Restaurante Universitário. A comida no campus II custa R$ 4,50 e na cidade a bagatela de R$ 30,00 o quilo. Os poucos sortudos que conseguem o auxílio alimentação, devem rezar para que não ocorra nenhum imprevisto que os obrigue a faltar na marmita, pois devemos ter o dom da clarividência e prever tais imprevistos para justificá-los com antecedência, pois ATESTADOS MÉDICOS NÃO ABONAM FALTA. Por fim, as pessoas que ainda assim conseguem fazer isso devem fazer um regime especial onde comem uma única vez no dia e passam o domingo, feriados e pontes em jejum. 

A gorda bolsa de R$350,00 mensais pela qual trabalhamos TEM que dar pra pagar aluguel, comprar comida, já que a PROACE- Pró-reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis só garante uma refeição diária, pagar as contas de água e luz e internet, comprar produtos de limpeza para casa, roupas e higiene pessoal e pagar o nosso transporte para a faculdade. Segundo a PROACE se temos uma aula as 7 da manhã no campus II e outra as 20 horas só usaremos o transporte público uma única vez para ir e outra para voltar. 

Eu sinceramente gostaria de saber se a PROACE, o nosso excelentíssimo Reitor, o governo que manda a verba, os administradores do financeiro da faculdade tem noção da região na qual essa universidade se encontra e da população a qual ela atende? 

Mas, se eles não têm essa noção, sem problemas eu digo: estamos na região MAIS POBRE DO ESTADO DE MINAS GERAIS. no Vale do Jequitinhonha. A Assistência Estudantil aqui deveria receber atenção especial dado a situação de vulnerabilidade social da região.

Como essa universidade espera formar um jovem pobre que não tem o que comer e só depende dos auxílios da faculdade para continuar estudando? 

“Gostaria de saber se eles almoçam e jantam, se tomam café da manhã, se comem no final de semana e feriados”, palavras de uma amiga minha as quais faço minhas também. 

Alguns de vocês ao lerem isso podem estar pensando:"esse cara só está falando isso porque deve estar com raiva”. Sim, eu estou com raiva, e estou com raiva porque mais uma vez voltei pra casa com fome, porque hoje as marmitas não deram nem pra o almoço. 
Eu espero todos os dias na fila da janta porque não fui capaz de prever que ficaria doente no semestre passado e atestado médico não abona falta. E daí perdi meu auxílio-alimentação.
Estudante que não precisa tem assistência

Porque vejo gente que tem empregada em casa que faz almoço todo dia pegando marmita, pessoas que tem pais que dão R$500,00 para se divertir na cidade trabalhando na bolsa atividade. 

Porque já vi pessoas com carro na garagem pegando vale-transporte. 

Porque vejo em outras universidades, onde existe RU, as pessoas que nem são estudantes comerem a 1 REAL o prato no bandejão, e os estudantes que não ganham auxílio alimentação comendo a 50 centavos e quem ganha comendo DE GRAÇA, almoço e janta, com direito a sobremesa, incluindo sábados domingos e feriados.

Porque estão nos prometendo moradia e RU HÁ 4 ANOS! 

Esse era só um recadinho que eu queria dar pra vocês PROACE.

Confira aqui: https://www.facebook.com/tel.paulo?fref=nf

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