terça-feira, 10 de junho de 2014

Cachaça de Salinas se destaca pela qualidade e deverá ganhar o mundo na Copa.

Bebida tradicional tem roteiros turísticos especiais para os apreciadores. Estado detém hoje 50% da produção nacional e investe na certificação do produto.


Cachaça, caninha, aguardente, pinga, branquinha ou água que passarinho não bebe. Quaisquer desses apelidos são facilmente reconhecidos por brasileiros, e principalmente pelos mineiros. Já o público estrangeiro costuma conhecer melhor um de seus derivados, a caipirinha.
O produto conforma a cadeia de atrativos gastronômicos mineiros, como o café e o queijo, a receber destaque entre os turistas do Brasil e do mundo que visitarão Minas Gerais durante a Copa. De acordo com pesquisa realizada em 2012, pela Secretaria de Estado de Turismo e Esportes, a cachaça está entre os itens mais lembrados por turistas que vêm ao estado.
Sobre o tema, Minas Gerais é referência no país e no mundo. Detentor de 50% da produção nacional, o estado é mundialmente famoso por suas cachaças. No Brasil existem 25 mil alambiques, sendo que 8.500 estão em Minas Gerais, conforme dados do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (SindBebidas). A cachaça é, ainda, o terceiro destilado mais consumido no mundo, segundo a entidade.
Por muitos anos, a cachaça foi considerada produto de baixa qualidade. De acordo com o historiador e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Roberto Martins, a cachaça era muito consumida também pelos escravos e era prescrita inclusive como remédio. “A bebida era muito utilizada para curar o ‘banzo’, depressão causada por saudade da terra natal. Além disso, ajudava a manter a temperatura corporal daqueles escravos que trabalhavam com a metade do corpo imerso nas águas dos rios, em busca de ouro”, explica.
Nos últimos anos, há um investimento para elevar a qualidade da cachaça produzida no estado. Uma das iniciativas foi a criação de uma certificação de origem. “O programa Certifica Minas se baseia nas questões de qualidade, apresentação do produto, informações ao consumidor, como grau alcóolico. Tudo isso foi favorável para colocar a cachaça mineira definitivamente no mercado consumidor”, diz o gerente do programa, Marco Antônio Vale.
As cachaçarias são certificadas segundo o processo de produção usado, atendendo os procedimentos de boas práticas de fabricação, adequação social e responsabilidade ambiental. Esses estabelecimentos passam a ter o direito de uso do certificado, da marca de conformidade e dos selos de certificação oficiais do estado de Minas Gerais, que são divulgados nas garrafas.
Segundo o diretor-geral do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Altino Rodrigues Neto, o programa de certificação da cachaça é um estímulo e traz vantagens para os produtores, exportadores e consumidores. “Há um aumento da competitividade com a aceitação da bebida em novos mercados. Além disso, a certificação atesta a garantia de procedência do produto ofertado, dando opções de qualidade para os consumidores”, comenta. Já são mais de 250 cachaças certificadas no Estado pelo IMA.


Detentor de 50% da produção nacional, Minas Gerais é mundialmente famoso por suas cachaças – Foto: Divulgação/Vale Verde


Tradição e renda para os mineiros

Atualmente, a cachaça é um dos produtos que mais gera emprego e renda em Minas Gerais. O modo de produção, porém, não mudou. Os alambiques são como eram há 300 anos, quando tudo começou. O Museu da Cachaça, inaugurado pelo Governo do Estado, em Salinas, em 2012, conta esta bela história e merece uma visita.
O museu foi criado para difundir o conhecimento sobre a produção da cachaça como bem patrimonial da comunidade local e do Estado, assim como a promoção e a preservação de todo o patrimônio da cadeia produtiva do produto genuinamente brasileiro.
“Este é um equipamento cultural que não só apresenta a cachaça além dos seus aspectos produtivos e econômicos, mas principalmente do seu aspecto como identidade cultural de Minas, do povo de Salinas e da região do Norte de Minas”, ressalta a secretária de Estado de Cultura, Eliane Parreiras.
A proposta museológica está distribuída entre as nove salas – Hall de Entrada, Sala dos Canaviais, Sala das Garrafas, Sala do Engenho, Sala do Moinho, Sala do Aroma, Sala Multiuso, Sala de Terra Batida, Sala de Depoimentos. O local abriga, ainda, biblioteca, brinquedoteca, restaurante, área de ação educativa e de degustação. Na parte externa, um palco para shows e eventos e teatro de arena recebem eventos culturais.

Salinas e outros roteiros

A cidade de Salinas é conhecida por ser terra da fabricação da renomada cachaça Havana, produzida pela família de Anísio Santiago (1912-2002). Elaborada com alto padrão de qualidade, em pequena escala, desde 1946, a Havana foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de Salinas em 2006. Em 2013, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) concedeu o título de indicação geográfica à cachaça produzida nos alambiques de Salinas, selo que traz ainda mais credibilidade ao produto artesanal do Norte de Minas.
Branca ou amarela, envelhecida em tonel de carvalho ou de jequitibá, a cachaça é bem versátil, podendo ser consumida pura ou em forma de drinks e coquetéis. O mais tradicional é a caipirinha. Também é cada vez maior o uso da pinga na culinária.
Em Minas, algumas agências de turismo receptivo têm investido nesse segmento, com roteiros especialmente traçados para os apreciadores da bebida. Neles, os turistas têm a oportunidade de conhecer toda a cadeia produtiva, realizar degustações de cachaça e de aperitivos harmonizados. Próximo a Belo Horizonte, há alambiques em Brumadinho, Esmeraldas, Nova União, Betim, Belo Vale, Jequitibá, Coronel Xavier Chaves e Prados (Distrito de Bichinho).

SERVIÇO:

Alguns destaques da “Rota da Cachaça” em Minas:
- Museu da Cachaça – Avenida Antônio Carlos, 1250 – Salinas/MG – (38) 3841-4778
- Vale Verde Alambique e Parque Ecológico – Rua Ari Barbosa da Silva – Betim/MG – (31) 3079-9112 – www.valeverde.com.br.
- Cachaça Prazer de Minas – Fazenda Prazer de Minas – Esmeraldas/MG – (31) 9525-3390 – www.cachacaprazerdeminas.com.br.
- Cachaça Germana – Fazenda Vista Alegre, s/n – Nova União/MG – (31) 3426-2902 – www.cachacagermana.com.br.
- Cachaça Rainha do Vale – Fazenda Gameleira – Distrito de Santana do Paraopeba – Belo Vale/MG – (31) 3292-7477 / (31) 9984.7420 – rainhadovale@rainhadovale.com.br.
- Cachaça dos Poções – Fazenda dos Poções – Jequitibá/MG – (31) 3717-6271 / 9631-2531 – www.cachacapocoes.com.br
- Cachaça Século XVIII (Alambique mais antigo em funcionamento no Brasil) – Engenho Boa Vista – Coronel Xavier Chaves/MG – (32) 3357-1238 – rubenschaves@mgconecta.com.br
- Cachaça Gavião do Vale – Fazenda Gavião – Belo Vale/MG – (31) 3337-9857 / 9984-9857 – cachacagaviao@bol.com.br
- Cachaça Tabaroa – Distrito de Bichinho – Prados/MG – (32) 8404 9405 – cachacatabaroa@gmail.com.
Onde provar:
- Alambique Cachaçaria – Av. Raja Gabaglia, 3200 – BH/MG – (31) 3296-7188 – www.alambique.com.br.
- Clube Mineiro da Cachaça – Rua Mármore, 373 – Santa Tereza – BH/MG – (31) 2515-7149 – www.clubemineirodacachaca.com.br.
- Via Cristina – Rua Cristina, 1203 – Santo Antônio – BH/MG – (31) 3296-8343 – www.viacristina.com.br.
- Adega da Cachaça – Rua Artur Alvim, 110 – Horto – BH/MG – (31) 3467-3511
- Kobes – Rua Professor Raimundo Nonato, 31 – Horto – BH/MG – (31) 3467-6661

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