segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Asfalto rodoviário no Vale do Jequitinhonha são eternas promessas de candidatos.

As obras de infraestrutura sempre tiveram lugar garantido em palanques, tanto no interior quanto nos grandes centros.

Asfalto da BR 367 e rodovias estaduais sempre garantiram votos a candidatos a deputados, governadores e presidentes.
Asfalto da Rodovia LMG 214, entre Capelinha e Itamarandiba, no Alto Jequitinhonha, foi alvo de promessas de Anastasia e Aécio, em janeiro de 2010. Continua do mesmo jeito.
Publicação: 01/09/2014 00:12 Atualização: 01/09/2014 07:46, no Estado de Minas.


Em janeiro de 2010, a então ministra da Casa Civil e candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) anunciou a pavimentação da BR-367, rodovia que atravessa o Vale de Jequitinhonha em mais de 100 quilômetros de terra batida. 

No mesmo semestre, em junho, o candidato ao governo de Minas pelo PSDB, Antonio Anastasia, lançou o programa Caminhos de Minas, prometendo melhorar as condições de estradas não pavimentadas no estado. Entre os trechos previstos para serem asfaltados estão os mais de 80 quilômetros entre Araçuaí e Novo Cruzeiro, a LMG-678, e a LMG 214, entre Capelinha e Itamarandiba, também no Vale do Jequitinhonha, no nordeste de Minas. 

As obras foram anunciadas há quatro anos em palanques de petistas e tucanos para conseguir o apoio dos eleitores da região mais pobre do estado. Mas não passaram de promessas. As obras de infraestrutura sempre tiveram lugar garantido em palanques, tanto no interior quanto nos grandes centros. Em Belo Horizonte, as promessas preferidas para agradar aos eleitores são as melhorias no Anel Rodoviário, a ampliação do metrô e a limpeza da Lagoa da Pampulha, que começou a andar, embora com décadas de atraso. 


No Vale do Jequitinhonha, região mineira com o menor número de vias pavimentadas, as melhorias na infraestrutura são cobradas por comerciantes, moradores e prefeitos. A ampliação de programas sociais federais e estaduais permitiram aumento na renda dos moradores nos últimos anos, porém, o avanço nas estradas que atravessam a região não ocorrem no mesmo ritmo. Os mais de 100 quilômetros de terra batida da BR-367 estão localizados entre Salto da Divisa-Jacinto-Almenara, num trecho de 61,6 quilômetros, e mais 59,7 quilômetros entre Minas Novas-Chapada do Norte-Berilo-Virgem da Lapa. Planejada na década de 1950 pelo então presidente Juscelino Kubitschek para servir de acesso ao Vale, com o passar do tempo a estrada se transformou em obstáculo para o desenvolvimento na região. 

Ponte entre Jacinto a Salto da Divisa, na BR 367 (Foto: Marina Pereira/G1)



Em 2010, a pavimentação foi prometida pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela então ministra Dilma Rousseff. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) chegou a assinar um termo de compromisso para realizar a obra, disponibilizando R$ 7 milhões para o DER-MG - Departamento de Estradas e Rodagens para elaborar o projeto de engenharia. O DER enrolou e não publicou o Edital de Licitação. O DNIT pegou a rodovia de volta e reiniciou o processo. O asfalto ainda não chegou à via. 
No ano passado, representantes do órgão voltaram a garantir que a pavimentação seria feita este ano, mas até agora nem mesmo os projetos foram entregues. A reportagem do Estado de Minas procurou o Dnit e a superintendência do órgão no estado para saber os novos prazos para a obra na BR-367, mas nada foi informado. 

Entre 2002 e 2005, foram liberados para o DER-MG R$ 59,5 milhões para pavimentar os dois trechos. O Governo Aécio Neves gastou a verba, prestou contas, mas executou apenas 7 km, entre Minas Novas e Chapada do Norte, e deixou uma ponte sobre o rio Fanado, em Minas Novas, sem os serviços de encabeçamento. Portanto, sem uso.

Estado precário da LMG 678, de Araçuaí para Novo Cruzeiro, a Estrada Bahia-Minas. 


NO PAPEL 
Uma outra estrada que atravessa a região está em situação crítica. A LMG-678, de responsabilidade do governo de Minas, está na lista de rodovia com restrição de tráfego e mais de 80 quilômetros de extensão estão em péssimas condições entre Araçuaí e Novo Cruzeiro. A pavimentação do trecho foi incluída no programa Caminhos de Minas, lançado em 2010, mas até agora nem mesmo o projeto para o asfaltamento foi elaborado. Segundo nota da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG) aguarda liberação de recursos orçamentários para licitar a obra, mas até agora não recebeu nenhum tipo de autorização nem há previsão para que a obra saia do papel. 


O presidente da Associação Comercial e Industrial de Araçuaí, José Gilvane Almeida, critica o que considera falta vontade política para a execução das obras no Vale de Jequitinhonha. “Infelizmente, o asfalto para a 367 e para a 678 continua na promessa. São obras que teriam um impacto considerável para a economia local. O trajeto para Teófilo Otoni, por exemplo, seria reduzido à metade. Sem que os motoristas sejam obrigados a seguir até a BR-116, uma rodovia que já tem tráfego pesado”, explica José Gilvane. 

Video sobre a LMG 678:
http://blogdobanu.blogspot.com.br/2011/01/aracuai-novo-cruzeiro-populacao-reclama.html



Além das obras nas rodovias, o empresário lembra promessas feitas para o Jequitinhonha em períodos eleitorais que não foram pra frente. “Ouvimos diversas vezes a promessa de uma barragem em Santa Rita, no Rio Araçuaí, outra próxima ao município de Coronel Murta, no Rio Jequitinhonha. Vários deputados garantiram trabalhar na defesa dessas obras. Houve reuniões com as famílias afetadas, mas as promessas caíram no esquecimento. Acabou a campanha, acabou também a vontade política”, cobrou José Gilvane. 


Fonte: Jornal Estado de Minas com alterações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário