terça-feira, 29 de dezembro de 2015

É tempo de pequi!

Pequi: macio, espinhento, afrodisíaco, fedorento e gostoso

Pequi, o rei do Cerrado
Macio, espinhento, afrodisíaco e gostoso
Cheiroso ou fedorento? Depende do roedor de pequi e das narinas atentas.
O pequi é um fruto que ninguém tem sentimentos meia-tigela com ele. Ou adora ou detesta. "Ame-o ou deixe-o", se possível num prato à mão, defende os apreciadores.
Quem não gosta reclama do cheiro, dos espinhos, da falta de educação à mesa, comendo com os dedos lambuzados daquele óleo amarelo avermelhado, brilhante.Em dezembro/janeiro, as ruas de Montes Claros e cidades do norte de Minas e Vale do Jequitinhonha são perfumadas, - pra nós que gostamos-. com o odor embriagante deste amarelão querido e adorado. É uma verdadeira denúncia da intimidade dos lares cheios de cadeados e muros altos. Até nos condomínios fechados o cheiro grita nos nossos narizes.

No Vale do Jequitinhonha, as feiras são invadidas com os gritos: "Olha o pequi de Montsclaro". Metido a conhecedor, consumidor ferrenho, sem medo dos espinhos, questiono: "Não é de daqui perto mesmo, da Chapadão do Lamarão? Tá com pouca carne...". O vendedor arregala o olho e diz:"Deixa pra lá, Banu. Pequi daqui é tudo assim mesmo, magrim,magrim... Mas é gostoso, pode levar!"E lá vou eu com um saco de pequi, pensando nos carnudos de Lontra, no norte de Minas, terra do meu amigo Luis Carlos Gusmão, o Lunga, jornalista de sangue no olho. Ou nos de Japonvar, também no norte, a verdadeira capital mundial do pequi.
Montes Claros ganha no marketing e no comércio da fruta do cerrado. Igualzinho Teófilo Otoni que vende as pedras preciosas do Vale do Jequitinhonha e leva a fama de solo produtor de belezas raras.O pequi exerce uma magia no povo do cerrado e da caatinga. Tem homem que acha que dá no couro roendo uma dúzia de caroços, como se @ frut@ milagros@ fizesse marcar 12 horas, num estalo.
O pequi, segundo os livros escolares
O pequi, fruto do pequizeiro, é nativo do cerrado brasileiro. É muito utilizado na culinária da região Nordeste, Centro Oeste e norte de Minas Gerais. De sabor marcante e peculiar, o pequi é consumido cozido, puro ou misturado com arroz, frango, carne de sol.
Da polpa pode se extrair também o azeite de pequi, um óleo usado para condimento e na fabricação de licores. Na língua indígena, pequi significa “casca espinhenta”.

De cor verde, quando maduro, possui em seu interior um caroço revestido por uma polpa macia e amarela, a parte comestível.O consumo do pequi requer cuidado, em razão dos inúmeros e minúsculos espinhos encontrados debaixo da polpa. Assim, é indicado que se roa o caroço, lentamente, ao invés de mordê-lo.O pequi pertence à família das cariocáceas, pode ser encontrado em toda a região Centro Oeste (considerada a capital da fruta), nos estados de Rondônia, Minas Gerais, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia e Ceará, visto que somente em Goiás podem ser encontradas todas as espécies. A frutificação ocorre entre os meses de setembro e fevereiro.

O pequi faz parte da culinária goiana há séculos, desde o início do século XVIII, nas antigas vilas de Meia Ponte (hoje Pirenópolis), e Vila Boa (cidade de Goiás). Por ser rico em óleo insaturado, vitaminas A, C e E; fósforo, potássio, magnésio e carotenóides; sua ingestão previne tumores, problemas cardiovasculares e evitam a formação de radicais livres.
Informação importante: uma unidade de pequi (aproximadamente 50g) possui 40 calorias.

Pequi, o rei do Cerrado, vaticina o violeiro, cantador e pesquisador da "Universidade da Natura", Téo Azevedo, de Alto Belo, em Bocaiúva, no norte de Minas.

Post publicado em 2009, 2011 e 2014, neste Blog, nos janeiros e dezembros. 

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Quero um Natal diferente!



******Quero um Natal mais simples, com menos vermelho e mais branco,
Com menos luzes e mais brilho, com menos comida e mais satisfação,
Com menos presentes e mais entregas, com menos frutas e mais frutos,
Com menos conexões e mais toques, com menos e-mails e mais conversas.

******Quero um Natal diferente, com mais Cristo que Papai Noel,
Com mais atitudes do que reflexões, com mais abraços do que cartões,
Com mais presença do que presentes, com mais casas do que shoppings,
Com mais conteúdo do que cascas, com mais alma do que corpo,
Com mais dignidade do que títulos, com mais dezembros durante o ano.

******Quero um Natal mais longo para que toda essa renovada corrente
de otimismo e esperança consiga dobrar a esquina do próximo ano,
transformando todos os nossos dias em dias de Natal !

Um afetuoso abraço para tod@s que acessam o Blog do Banu

Álbano -  Banu

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Vale do Jequitinhonha possui 8 municípios entre os piores no Indice de Responsabilidade Social.

Fundação João Pinheiro apresenta nova edição do Índice Mineiro de Responsabilidade Social. 

Fundação aponta 8 municípios do Vale entre os piores: Caraí, Chapada do Norte, Francisco Badaró, Joaíma, Medina, Padre Paraíso, Palmópolis e Santa Maria do Salto.

Santa Maria do Salto e Palmópolis ocupam a classificação 848ª e 849ª, respectivamente, no ranking estadual. Estão entre os cinco piores de Minas.
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A Fundação João Pinheiro (FJP) lançou nesta quinta-feira, dia 17 de dezembro, a plataforma do Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS) - 2012. Calculado a cada dois anos para todos os 853 municípios de Minas Gerais, o IMRS agora possui uma plataforma exclusiva, de acesso amigável e em formato que possibilita realizar atualizações constantes de dados e proceder as melhorias necessárias ao longo do tempo de forma tempestiva.

“O IMRS é um produto contínuo da Fundação João Pinheiro, que existe desde 2004, e que está agora em uma versão mais palatável, de maneira que a ideia é cumprir um dos objetivos da instituição que é trabalhar mais próxima das administrações municipais, no sentido de assessorá-las, munindo-as com informações”, afirmou o presidente da FJP, Roberto Nascimento.


Além do IMRS, a plataforma também disponibiliza um perfil eletrônico municipal. Para a coordenadora do projeto, Maria Luiza de Aguiar Marques, além do dinamismo proporcionado pelo novo formato de apresentação do IMRS, uma das novidades mais relevantes da plataforma é exatamente a disponibilização desse perfil municipal. “São 40 páginas para cada um dos 853 municípios, com comentários e análises sobre indicadores selecionados”, observou.


O IMRS apresenta, ainda, mais de 600 indicadores, para os anos de 2000 a 2014, referentes às dimensões utilizadas no cálculo do Índice e ainda à demografia. “É importante ressaltar que o nosso Índice reflete a responsabilidade social específica do setor público. Mais do que isso, é neessário entender que existem responsabilidades das diferentes esferas de governo, então não se trata apenas da responsabilidade do município, trata-se da administração pública de forma geral”, explicou Maria Luiza.

Resultados

Ouro Preto, na região Central do Estado, obteve a melhor posição entre os 853 municípios de Minas Gerais. Na sequência do ranking, estão Itabirito (Central), Extrema (Sul), Catas Altas, Nova Lima, Congonhas e Itatiaiuçu (Central), Pains (Centro-Oeste), São João Batista do Glória (Sul) e Barão de Cocais (Central).


A classificação de Ouro Preto em primeiro lugar geral no IMRS 2012 reflete o desempenho relativo favorável do município nas dimensões Cultura, Renda/Emprego e Finanças Públicas. Itabirito, que ocupa a segunda posição no Índice, apresentou bons resultados nas dimensões Renda/Emprego, Finanças Públicas, Saúde e Cultura.  


Na 31ª posição do ranking geral do IMRS, Belo Horizonte teve destaque nas dimensões Renda/Emprego, Finanças Públicas e Saúde. No recorte de cidades com mais de 100 mil habitantes, a capital mineira é a terceira colocada, apresentando desempenhos menos favoráveis nas dimensões de Meio Ambiente, Esportes/Turismo/Lazer e Segurança Pública. 


No ranking geral do Estado, os municípios que ocuparam as últimas posições foram Bertópolis (Jequitinhonha/Mucuri), Santa Efigênia de Minas (Rio Doce), Crisólita, Santa Maria do Salto e Palmópolis (Jequitinhonha/Mucuri), Miravânia (Norte), São João das Missões (Norte), Água Boa (Rio Doce), Espinosa (Norte) e Capitão Andrade (Rio Doce). 


Na lista das 37 cidades com população entre 50 mil e 100 mil habitantes, Ouro Preto aparece em primeiro lugar, seguida por Nova Lima, Congonhas, Lagoa Santa, Mariana (todas na região Central), Itajubá (Sul), Formiga (Centro-Oeste), Guaxupé (Sul), Pedro Leopoldo (Central) e São Sebastião do Paraíso (Sul).


Em movimento contrário, Ponte Nova, Unaí, Paracatu, Pará de Minas, Ituiutaba, Frutal, Janaúba, Januária, São Francisco e Esmeralda são os municípios que possuem entre 50 mil e 100 mil habitantes que registraram os desempenhos menos favoráveis.


No ranking dos 477 municípios com até 10 mil habitantes, Catas Altas (Central) aparece em primeiro lugar, seguida por Pains (Centro-Oeste), São João Batista do Glória (Sul), Capitólio (Sul), Rio Doce (Zona da Mata), Serra da Saudade (Central), Ijaci (Sul), Confins (Central), Guarda-Mor (Noroeste) e São Vicente de Minas (Sul).


Os desempenhos mais desfavoráveis entre cidades com até 10 mil habitantes foram registrados para Bertópolis (Jequitinhonha/Mucuri), Santa Efigênia de Minas (Rio Doce), Crisólita (Jequitinhonha/Mucuri), Santa Maria do Salto (Jequitinhonha/Mucuri), Palmópolis (Jequitinhonha/Mucuri), Miravânia (Norte), Capitão Andrade (Rio Doce), Faria Lemos (Mata), Galiléia (Rio Doce) e Pavão (Jequitinhonha/Mucuri). 





IMRS- Índice Mineiro de Responsabilidade Social

Criado pela Lei Estadual nº 15.011, de 2004, o índice se propõe a medir a responsabilidade social conjunta das três esferas de governo. Para calcular o IMRS foram selecionados indicadores que retratam as prioridades de políticas e programas públicos, bem como a situação existente e os esforços empreendidos para alterá-la, considerando as dimensões saúde, educação, segurança pública, assistência social, meio ambiente, saneamento/habitação, cultura, esporte/turismo/lazer, renda/emprego e finanças municipais. O IMRS é uma média ponderada dos índices obtidos nessas dimensões. A edição do IMRS-2012 atualiza e amplia a base de dados da edição anterior (IMRS-2010), além de apresentar mudanças em sua composição e na metodologia do cálculo, visando o seu aperfeiçoamento. 


“Este é um material muito rico e sua utilização certamente permitirá que os municípios conduzam melhor suas atividades cotidianas, planejem mais e melhor e, como o Índice é contínuo, avaliem as ações realizadas”, concluiu Roberto Nascimento.

Fonte:Fundação João Pinheiro

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Governo promove etapa devolutiva do Fórum Regional no Território Médio e Baixo Jequitinhonha


Encontro acontece nesta quinta-feira (17/12), em Itaobim. Nas primeiras rodadas foram apresentadas 1.228 propostas

    O município de Itaobim recebe nesta quinta-feira (17/12) a etapa devolutiva do Fórum Regional de Governo para o Território Médio e Baixo Jequitinhonha.
 A região é um dos 17 territórios que estão sendo revisitados pelo Governo do Estado para apresentação aos Colegiados Executivos a análise feita por secretarias e órgãos governamentais dos problemas e necessidades apontados pela população, e como elas foram incluídas no Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) e no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI). 
Neste primeiro, momento estão sendo discutidas as propostas das categorias Gestão e Custeio. Em 2016, serão apresentadas as de Investimento e Pessoal. Nas etapas anteriores dos Fóruns Regionais, 1.700 pessoas do Território Médio e Baixo Jequitinhonha participaram dos encontros e levantaram 1.228 problemas e necessidades que compõem o Diagnóstico Territorial, conforme gráfico abaixo.
As demandas da categoria Custeio são aquelas relacionadas à manutenção das atividades dos órgãos da administração pública.  As propostas da categoria Gestão são as que não apresentam necessidade de recursos, que podem ser atendidas por meio de melhoria da gestão, dos processos e procedimentos.
O coordenador-geral dos Fóruns Regionais, Fernando Tadeu David, explica que esta etapa busca aprofundar os problemas de cada território e encontrar solução para cada um deles coletivamente. “Quando a solução vem da população, ela se torna efetiva”.    O Território Médio e Baixo Jequitinhonha é integrado por 40 municípios, divididos em cinco microterritórios: Almenara, Araçuaí, Itaobim, Padre Paraíso e Pedra Azul.
No que se refere ao desenvolvimento econômico, um dos grandes desafios enfrentados na região, a sugestão é incentivar a criação de agroindústrias familiares que favoreçam a comercialização na região. Também foi apontada a necessidade de um Centro de Comercialização do Médio e Baixo Jequitinhonha para agricultura familiar e assentamentos da reforma agrária.
Para garantir o acesso à água, outro bem escasso, a população sugere a criação de uma política estadual para a gestão e proteção das águas da Bacia do Rio Jequitinhonha, que contemple barragens de contenção e práticas de conservação do solo para efetiva perenização dos rios e seus afluentes, além da recuperação das matas ciliares e proteção das nascentes de modo a garantir acesso à água para todos.
Dentro do eixo “Infraestrutura e Logística”, os participantes do Fórum elegeram a pavimentação da BR-367, entre Almenara e Salto da Divisa, e da BR-251, obras que necessitam de uma articulação com o Governo Federal. Também consideram essencial a construção de uma nova ponte sobre o Rio Rubim, dentre outras propostas.
Papel do Colegiado Executivo
O Colegiado Executivo ficará com a missão de coordenar os encontros juntamente com o secretário executivo de cada território. O grupo é composto por 25 membros da sociedade civil, 16 representantes do Governo Estadual, prefeitos, vereadores, representantes do Legislativo estadual e federal, Executivo, Judiciário – Ministério Público, Tribunal de Justiça de Minas Gerais e Defensoria Pública Estadual.
Planejamento
As contribuições da sociedade serviram como base para a elaboração do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) - documento que contém todos os projetos e atividades que o Executivo pretende implantar nos próximos quatro anos – e do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI), que detalha o planejamento do Estado até 2027.
Fonte: Agência Minas

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Geraizeiros ocupam fazenda de Newton Cardoso, em Grão Mogol.

movimento geraizeiro

MG – Movimento Geraizeiro Guardião de Cerrado ocupa a fazenda Cancela, do ex-governador Newton Cardoso.hare on pinterest_share

Na madrugada deste sábado 12/12/2015, por volta das 02:30 da manhã, o Movimento Geraizeiro Guardião de Cerrado, com cerca de 300 famílias geraizeiras, ocupou a fazenda Cancela, no município de Grão Mogol, no Vale do Jequitinhonha.
A fazenda pertence à empresa Rio Rancho Agropecuária S/A, do ex Governador de Minas Gerais Newton Cardoso. 
Essa fazenda tem um histórico de grilagem de terras devolutas e possui uma escritura falsa de 6.452 hectares, que foi arrendada nos anos 1970 pelo estado de Minas Gerais para plantio de eucalipto e pinos através da Rural Minas e a Florestas Rio Doce S/A. Nela abriga um galpão com laboratório e amostra de minérios pertencente a Mineradora Sul Americana de Metais (SAM).
Essas empresas  vêm fraudando documentações, como prática de  crimes contra o patrimônio do estado, e ainda violam os direitos humanos; não reconhece as comunidades tradicionais da região onde elas atuam, como os geraizeiros. Esses Geraizeiros e Quilombolas não aceitam mais essas empresas grileiras de terras dentro do seu território.
Ainda requerem que os governos demarquem seu território da qual tem direito.
Essa nota vai a todos os companheiro que lutam pela causa das comunidades e povos tradicionais do Brasil e do estado de Minas Gerais que vêm sendo massacradas com o avanço de grandes projetos de monocultura, mineração e grandes barragens. 
Queremos que o Ministério Público de Minas Gerais e o Ministério Público Federal apurem os crimes cometidos por essas empresas!
Movimento Geraizeiro

Lideranças políticas e populares cobram soluções para crise hídrica no Vale do Jequitinhonha

Gestores públicos e representantes do povo do Vale do Jequitinhonha participaram do encontro chamado pelo deputado estadual Jean Freire.

Problema da natureza? Ou falta de gestão? Para os participantes da audiência pública realizada a pedido de deputado estadual Jean Freire na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na manhã e início da tarde desta quinta-feira, 10.12.15, ambos os fatores são determinantes para crítica falta d'água nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Municípios como Berilo, Chapada do Norte, Itinga, Jequitinhonha, Comercinho e Medina vivem situações de verdadeira calamidade pública e, por isto, seus agentes políticos estiveram presentes à reunião convocada pelo deputado.

Na foto, da esquerda para a direita: Clea Amorim, presidente do CBH Araçuaí; diretor da Copasa; Alonso Reis, presidente da COPANOR; deputado estadual Jean Freire; deputado Carlos Pimenta; Nelson Cunha Guimarães, Superintendente do Meio Ambiente.

A seca, realidade histórica vivenciada pelos moradores dos Vales, foi apontada como resultado do quadro natural da região, que sempre sofreu com chuvas escassas e sol forte, que gera alta evaporação das águas das bacias hidrográficas. Mas a chamada “crise hídrica” — termo que o deputado Jean Freire disse ter tido a “audácia” de utilizar pela primeira vez ao se referir ao Vale do Jequitinhonha, pois para ele “em geral é usado apenas para regiões tidas como ricas” — é uma soma dos fatores naturais com a má gestão dos recursos hídricos. “É triste não ter água para o consumo humano e ter para o eucalipto, como vejo em muitas dessas cidades. Só no Jequitinhonha são mais de 980 mil pessoas que sofrem”, criticou.

O parlamentar lembrou que a seca de 2015 foi a pior nos últimos 80 anos. E, logo de início, convocou a todos a se empenharem na busca de soluções. “Vamos nos reunir aqui ou na região todos os meses, se for preciso”, sugeriu. O deputado Carlos Pimenta, que tem atuação na região Norte de Minas, participou da agenda.

O consenso entre os participantes foi o de que é necessária a preservação das nascentes dos rios. “Precisamos pressionar o governo para a recuperação do meio ambiente”, ressaltou Valdecir Viana, assessor do mandato Jean Freire. Posição que foi corroborada pelo deputado: “o Vale do Jequitinhonha daqui a pouco parecerá um queijo de tanto buraco. E não há mais água nos lençóis. Sabemos da importância de medidas emergenciais como estas e os caminhões-pipa. Mas têm que ser feitas ao mesmo tempo que a recuperação de nascentes. Se ficarmos só olhando para o nosso umbigo e não pautarmos a questão de meio ambiente com seriedade, vamos ver acontecer outras tragédias como essa ocorrida em Mariana”, sintetizou.

Jean emocionou-se ao enfatizar que vai semanalmente ao Vale, sua terra natal, e que, por isto, vê de perto a trágica situação das pessoas. “É gente sem água para lavar as mãos. Crianças faltando aula por não terem como tomar um banho”. E foi além ao pedir que não seja dada água mineral aos deputados que ali estiverem, pois “eles hão de conhecer a água que o povo tem para consumo próprio”.

Antes de passar a palavra para os convidados, o deputado convocou todos a refletirem“quem aqui nadou em um rio na sua infância? E este rio é o mesmo nos dias de hoje?”.

Na foto: vereadores José Emetério, de Chapada do Norte; Wanderley dos Reis, de Berilo; Vicente Saraiva, de Jequitinhonha; e Prefeito de Itinga, Adhemar Marcos.

Esforços da Copanor
O diretor-presidente da Copasa Serviços de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Copanor), Alonso Reis da Silva, anunciou recursos para atuação da empresa em 2016, com objetivo de melhorar o fornecimento de água na região.

Alonso disse que a nova gestão da empresa tem “trabalhado de modo diferente” do que vinha sendo feito nos últimos tempos. Segundo ele, a empresa, criada há sete anos e que opera em 32 municípios do Vale do Jequitinhonha, tem obrigação de “amenizar o sofrimento do povo do Jequitinhonha e do Mucuri” com relação à falta d'água. Ele anunciou que, para 2016, haverá um orçamento de R$ 60 milhões para conclusão de obras e mais de R$ 50 milhões (retirados do Fundo de Erradicação da Miséria), para melhorias dos atuais sistemas de água e esgoto existentes na região. “Serão mais bombas, equipamentos e consertos das redes”, salientou. A Copanor utiliza, desde que criada, recursos transferidos do Fundo Estadual de Saúde, por meio da Secretaria de Estado de Saúde.

O diretor explicou que, no ano passado, a partir de setembro de 2014, o repasse do governo do Estado para a Copanor foi interrompido: apenas R$ 29 milhões dos 95 previstos para o ano foram entregues. “Todas as obras tiveram que ser interrompidas. Quando a nova gestão da Copanor assumiu em março de 2015, a empresa tinha, ainda, uma dívida de R$ 23 milhões com empreiteiras e todas as obras seguiam paradas”, destacou.

Segundo Reis, o novo Governo do Estado liberou R$ 25 milhões em abril e todas as dívidas foram quitadas na ocasião. “Chamamos, então, as empreiteiras para retomar obras paralisadas e assumimos o compromisso de, até fevereiro de 2016, entregar 90 obras relacionadas a redes de água (48) e esgoto (42), que estavam paradas em 65 localidades da região”, comprometeu-se. “A nova gestão da Copanor imprimiu, portanto, um ritmo novo”, afirmou. De acordo com o diretor-presidente, “recursos para a empresa estão sendo entregues regularmente”.

Além da falta de água, a liberação de áreas para empreendimentos no Vale do Jequitinhonha é um outro dificultador, na opinião de Reis. “Quando a Copanor chega a uma cidade e começa uma obra, o proprietário do local faz autorização, mas, quando está tudo pronto, esse proprietário entra na Justiça e embarga a obra, que fica abandonada. Temos vários casos desse tipo e estamos fazendo esforço para mudar esse quadro”, ressaltou.

E completou informando que há um parecer da Advocacia-Geral da União que os impede de começar novas obras sem antes terminarem as em andamento.

Na oportunidade, Alonso Reis anunciou a construção de uma nova adutora para abastecer a cidade de Itinga, resolvendo o grande problema de captação da água no rio Jequitinhonha.

Na foto: na esquerda: Ronaldo Lourenço, prefeito de Chapada do Norte; vereador Fracisco Saraiva, de Jequitinhonha; Wanderley dos Reis,  vereador de Berilo; José Emetéri8o, vereador de Chapada do Norte. À direita, vereador e Presidente da Câmara de Turmalina, Noraldino Gonçalves; vice-prefeito de Chapada do Norte, José Donério.

Copasa diz que falta de chuva intensificou seca

O superintendente de Meio Ambiente da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Nelson Cunha Guimarães, disse que a Copasa opera em 39 municípios do Vale do Jequitinhonha. “Trinta estão em situação crítica com relação à falta de água”, pontuou. Para o representante da Copasa, a seca na região se intensificou devido à situação hidrológica, que teria sido agravada nos últimos anos. “De 2014 para 2015, tivemos índices baixíssimos de chuva, bem inferiores ao período anterior e bem abaixo da média histórica do Vale do Jequitinhonha. A crise hídrica é a mais grave dos últimos 80 anos”, destacou.

Para enfrentar a crise, que, para Guimarães, tem atingido toda Minas Gerais, em 2015, 236 postos subterrâneos foram perfurados no Estado e 41 na Bacia do Rio Jequitinhonha. “Desses, 30 tiveram possibilidade de aproveitamento”, contou. Ele disse, ainda, que cinco poços da região que já existiam e estavam paralisados foram recuperados.

O representante da Copasa, afirmou, também, que a empresa e a Copanor têm buscado ampliar o atendimento por caminhão-pipa em localidades onde não há outras alternativas. “Mensalmente, 100 caminhões-pipas são enviados para municípios do Jequitinhonha”, afirmou. Já o assessor técnico da Diretoria Norte da Copasa, Luiz Lobo, afirmou que a empresa tem mudado seu paradigma de atuação. “A Copasa, na nova gestão, passa a pensar também da estação de tratamento da água para trás. Antes, pensava-se apenas dessa etapa para frente”, destacou.

As cadeiras do Plenarinho III da ALMG ficaram tomados por lideranças do Vale do Jequitinhonha.

A necessidade de conservação das nascentes, além destas medidas descritas por Guimarães, foi relembrada pela presidenta do Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) do Rio Araçuaí, Cléa Amorim de Araújo, que mostrou ações do CBH do Rio Araçuaí para o combate à seca, como a criação do Movimento dos Atingidos pelo Eucalipto (MAE), com apoio do deputado estadual Jean Freire.

Ela também criticou a atuação da Copanor e da Copasa na região e enfatizou que “é um absurdo o IEF (Instituto Estadual de Florestas) distribuir mudas de eucalipto na região”. “A moda agora é furar poço. E tem lugar que fura e não acha água. Idene tá distribuindo poço pra quem quer”, relatou referindo-se ao Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais.

Cléa Amorim exibiu, durante a reunião, várias imagens que, segundo ela, mostram a desertificação do Vale do Jequitinhonha. “Nossos rios Araçuaí e Jequitinhonha estão assoreados e secando”, denunciou. Ela criticou, ainda, a postura da empresa Samarco e do governo estadual na atuação relacionada à tragédia ocorrida com o rompimento de rejeitos da mineradora em Mariana (Região Central).


Realidade local: água para plantio de euclipto, café e banana. Abastecimento humano, não.
O prefeito de Chapada do Norte, Ronaldo Santana, disse estar envergonhado de ter viajado 843 km até BH e conseguido 80 viagens de caminhão-pipa junto à Copanor, enquanto há o Rio Capivari no município.

O diretor da Companhia, Alonso Reis, informou que os poços e a barragem de lá secaram e o rio virou um grande banco de areia. “Começamos o desassoreamento da barragem a pedido de deputado Jean, que me ligou inúmeras vezes, mas em vários dias não conseguimos retirar nem 10% da areia”, ressaltou.

Para o prefeito de Itinga, Ademar Marcos Filho, “o governo tem que dar condições para a Copanor funcionar, é preciso dinheiro para dar certo”, ressaltou. Para ele, se nada for feito com urgência, “daqui a três ou quatro anos não vai ter mais vida no Vale do Jequitinhonha”. Ele afirmou ser “assustadora” a situação. “Só quem vive lá pode saber”, salientou. Para o prefeito, é preciso fazer barragens e “segurar a água que está indo embora”.

O presidente da Câmara Municipal de Berilo, vereador Wanderley dos Reis, solicitou que o Poder Legislativo elabore leis de preservação ambiental que possam ser levadas em prática pelo Executivo: “Vemos a facilidade com que são liberadas autorizações para dragas de exploração de ouro atuar e acabar com nossos rios. Por que não há facilidade para fazer o bem?”. O prefeito de lá, Higor Coelho disse ser constrangedor ser cobrado por não conseguir "nada demais" para o povo, “somente água para fazer comida e lavar as mãos”, relatou angustiado.

Leito do rio Jequitinhonha, em Coronel Murta, abaixo da barragem de Irapé, da CEMIG.

O vereador Francisco Saraiva, da Câmara de Jequitinhonha, disse que o Vale “está morrendo”. “As coisas não podem funcionar como vinham em governos anteriores”, destacou. A fala do vereador de Leme do Prado, Juvenal Rocha, também foi no sentido de ressaltar a tristeza atual do Vale.

Segundo Francisco Saraiva, em sua cidade, havia uma média de 30 nascentes há dez anos. “Hoje, só temos uma, todas as outras secaram. A Copasa precisa investir na preservação de nascentes”, acrescentou. Ele também criticou o plantio de eucaliptos que traria "falsa ilusão" de novos empregos. “Quando começa a crescer, passa à mecanização do trabalho e perdem-se os postos de trabalho criados”, afirmou.

O vereador José João Emetério, de Chapada do Norte, criticou a Copanor. “Nunca vi empresa tão ruim. Ou esse novo governo coloca a Copanor para funcionar, ou melhor levar a Copasa para nossa região. Temos esperança que mude”, pontuou.

O vereador de Itinga, Jakson Barbosa, solicitou que as poucas nascentes que restaram nos distritos “não sejam mexidas”. Ele se disse envergonhado de ter que pedir água para um município cortado pelo Rio Jequitinhonha.

Para a vereadora de Chapada do Norte, Adriane Coelho, os vereadores do Vale estão em uma “situação de pedinte enquanto as empresas de eucalipto controlam a água do Rio Capivari”.

Situação semelhante vive o Córrego São João, em Itaobim, segundo o vereador Gilberto Costa. “A água só vai para a plantação de bananas”, relatou. Ele se diz preocupado, ainda, com o esgoto jogado in natura no leito e com o Córrego São Roque, que “há anos era cheio e hoje está secando”. José Rivelino, também vereador do município, concorda e afirma que “moro há 40 anos às margens do São João e nunca o vi como está agora”.

União pela água
Aquiles Caires, assessor da Juventude da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg) opinou que a preservação da água “tem que ser um compromisso do poder público em parceria com os movimentos sociais”.

O deputado estadual Jean pediu esta união para que fossem elencadas todas as ações com este fim, como o impedimento da construção do mineroduto que retiraria água na Hidrelétrica de Irapé, no Rio Jequitinhonha. “Faremos de tudo para barrar este projeto e conto com todos”, finalizou.

Ao final da reunião, o deputado apresentou uma série de requerimentos relacionados ao assunto debatido, que serão colocados em votação em uma próxima reunião da comissão. A maior parte deles se refere a pedidos de providência e de informação direcionados a órgãos responsáveis pelo fornecimento de água para a região do Vale do Jequitinhonha. Um dos pedidos será para que não haja mais contingenciamento de recursos para a Copanor, como ocorreu em 2014..

Fonte e fotos: Assessoria de Comunicação do Mandato do Deputado Estadual Jean Freire

Foto de participantes da Audiência Pública sobre Crise Hídrica no Vale do Jequitinhonha e Mucuri.

Trabalho de estudantes da UFVJM é premiado em feira de tecnologia do Crea-Minas

A Feira de Ciências e Inovações Tecnológicas (Feicintec) premiou na quarta-feira, 09 de dezembro de 2015, projetos de estudantes do ensino superior e técnico das áreas de engenharia, agronomia, geologia, geografia, vindos de todas as regiões de Minas. 


Equipe de Diamantina conquistou o segundo lugar, com as estudantes de engenharia de alimentação Danielle Cristine Mota Ferreira e Fabiana Helen dos Santos
 – Foto: Divulgação

Em sua terceira edição, a feira foi realizada na sede do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-Minas), em Belo Horizonte.

Uma comissão avaliadora, formada por profissionais da área tecnológica, analisou os 33 trabalhos expostos. 
O primeiro lugar foi para os alunos da Universidade de Itaúna, com o projeto “BCHEM – Novas tecnologias para a produção mais eficiente de biodisel” (R$12.000).
O segundo lugar ficou com os alunos da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, com o trabalho “Desenvolvimento de Coberturas e filmes biodegradáveis a partir de fontes naturais do cerrado brasileiro” (R$ 10.000).
O terceiro lugar, para o projeto “Aplicação de concreto colorido como prevenção contra acidentes em instalações hidráulicas e elétricas”, da UniBH, em Belo Horizonte (R$8.000). 
Ao todo, foram premiados dez trabalhos, totalizando R$ 50.000,00, para estimular a inovação tecnológica entre os estudantes.
A equipe da Faculdade de Itaúna, premiada em primeiro lugar, apresentou uma tecnologia que permite a transformação de resíduos de óleo de baixa qualidade em combustível O coordenador do projeto, Alex Nogueira Brasil, comenta que a importância do trabalho está na possibilidade de aplicação prática na indústria. “A maior inovação é a criação de um reator ultrassônico, que pode ser produzido em escala industrial. Desenvolvemos um projeto de uma usina completa, que funciona a partir da utilização de óleos e gorduras residuais”, diz Alex Nogueira.
Sobre a participação na Feicintec, o professor destaca a importância da do envolvimento dos estudantes. “São os alunos que organizam o projeto, criam o protótipo e expõem o trabalho para os visitantes da feira. Termos sido selecionados já foi uma alegria, ficar entre os dez primeiros seria uma vitória, não esperávamos o primeiro lugar, que nos deixou mais empolgados para dar continuidade ao trabalho”, conclui.

Projeto de estudantes da UFVJM
O segundo colocado apresentou o projeto Desenvolvimento de coberturas e filmes biodegradáveis a partir de fontes naturais do cerrado brasileiro, da UFVJM, e recebeu 10 mil reais. As responsáveis pelo trabalho foram as alunas do curso de engenharia de alimentos, Danielle Cristine Mota Ferreira e Fabiana Helen dos Santos, orientadas por Franciele Maria Pelissari. Segundo Danielle que a intenção é aumentar a vida útil dos alimentos. “Conseguimos, por exemplo, que alimentos extremamente perecíveis possam ser transportados em longa distância”, explica.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-Minas), Jobson Andrade, que participou da cerimônia de premiação, comentou sobre a importância da Feicintec. “Este é o início da caminhada destes alunos da experiência com inovação. É um momento de mostrar que somos capazes, criando tecnologia e ferramentas que tenham um uso prático para facilitar e garantir a melhoria da qualidade de vida. Isso mostra a importância da nossa profissão e do conhecimento que ela produz”, comenta Jobson Andrade.
Na ocasião, também foi lançada a Revista Vértice – Edição Técnica, dedicada a divulgação das pesquisas tecnológicas produzidas em Minas Gerais.
Confira a lista dos dez trabalhos vencedores:
1º Bchem – Novas Tecnologias para a produção mais eficiente de biodiesel, da Universidade de Itaúna
2º Desenvolvimento de coberturas e filmes biodegradáveis a partir de fontes naturais do cerrado brasileiro, da UFVJM, de Diamantina
3º Aplicação de concreto colorido como prevenção contra acidentes em instalações hidráulicas ou elétricas, do Uni-BH, de Belo Horizonte
4º Calha para bocha paralímpica – Modular, com curva otimizada e fabricada em impressora 3D, da UFU, de Uberlândia
5º Limpeza e inspeção de dutos de ar condicionado com robô rover, da Unis, de Varginha
6º Detecção de incêndios e queimadas florestais através de sistema embarcado com geoprocessamento e interface GSM, da Facit, de Montes Claros
7º Sistema de troca de marchas sequencial para automóveis com câmbio manual, da Unis, de Varginha
8º Sistema móvel para prospecção eólica em sistemas aquáticos, da Unifei, de Itajubá
9º Tratabilidade de águas superficiais e pluviais utilizando coagulantes naturais a base de tanino e extratos de semente de moringa oleifera, da UEMG, de João Monlevade.
10º Insect-Chamber: Determinação de efeitos de agrotóxicos sobre inimigos naturais de pragas agrícolas, do IFTM, de Uberaba
Equipe de Diamantina conquistou o segundo lugar – Foto: Divulgação
Equipe de Diamantina conquistou o segundo lugar – Foto: Divulgação
Equipe de Diamantina conquistou o segundo lugar – Foto: Divulgação
Fonte: CREA-MG