quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Justiça ouvirá testemunhas para esclarecer assassinato de ex-prefeito de Coronel Murta

Dez testemunhas foram intimadas na tarde desta terça-feira (23/02), em Coronel Murta, no Vale do Jequitinhonha. Elas serão ouvidas em Araçuaí, a partir das 16 horas do próximo dia 22 de março, pelo Juiz Carlos Junken Rodrigues, da 2ª Vara da Comarca, sobre o assassinato do então prefeito de Coronel Murta, Inácio Carlos Moura Murta, ocorrido em março de 2007. Até hoje o crime não foi esclarecido.

As testemunhas arroladas deveriam ter sido ouvidas em setembro de 2011, mas as audiências foram suspensas após transferência do Juiz Titular da 2ª Vara. Desde então, o processo está paralisado.
Entre as testemunhas estão Geane Torres Murta, viúva do ex-prefeito, a mulher do caseiro da fazenda do político, Florinda Jacinta dos Reis, Ivanicio Pereira Oliveira, conhecido por Negão de Tainha e o seu filho Diogo, que se encontra em São Paulo.
Inácio Murta foi morto aos 47 anos em Coronel Murta – Foto: Reprodução
O crime
Inácio Murta foi morto com um tiro na região da virilha, que atingiu a artéria femoral, na noite de 28 de março de 2007, quando assistia TV em uma das salas da fazenda em que morava, a 3 km do centro da cidade. Ele tinha 47 anos.
Em depoimento, a viúva afirmou que no momento do crime, por volta das 21h10, se encontrava no quarto da filha de 9 anos, quando ouviu o marido gritar: “oh meu Deus, vocês levem tudo que vocês quiserem levar, roubem tudo, mas me deixem em paz”.
Em seguida, ela ouviu um disparo e quando abriu uma fresta na porta, viu um homem encapuzado, trajando calças jeans e blusa preta de mangas compridas, pulando a janela, e o prefeito caído na sala, todo ensanguentado.
O então prefeito chegou a ser socorrido, mas não resistiu ao ferimento e morreu a caminho do hospital da cidade de Salinas.
A mulher do caseiro da fazenda, Florinda Jacinta dos Reis, de 51 anos, deverá contar a mesma versão que ela deu na época do crime. Ela mora a poucos metros da casa da sede da fazenda. Dona Florinda disse que na noite do crime estava na casa dela, junto com o marido e o filho de 17 anos, quando ouviu o prefeito gritar “acode”, e a mulher dele, Geane, pedir que chamassem uma ambulância.
A mulher teria saído para ver o que estava acontecendo, sendo acompanhada pelo filho e o marido. Enquanto caminhava, ela viu um homem de bermuda e camiseta, saindo de trás de uma árvore que fica em frente ao portão da casa e fugindo pelo matagal. Antes de fugir o homem atirou contra a família dela e um dos tiros acertou a perna do filho.
Com os tiros, ela retornou correndo para a casa junto com o marido e o filho e pediu ajuda. Em seguida, começaram a chegar à casa amigos do prefeito.
Após inúmeras idas e vindas, o inquérito foi concluído em 2009, mas as causas e autoria do assassinato não foram esclarecidas.
O então delegado de Araçuaí, Bernardo Pena Salles, que não havia participado das investigações iniciais, indiciou José Lucas Martins Lopes como responsável pela morte do prefeito. Ele nega qualquer participação no crime.
Relatório do Ministério Público indica que existem fortes indícios de que José Lucas foi à pessoa responsável por dar cobertura a seu comparsa, na tentativa de assalto à casa do prefeito.
Uma espingarda cartucheira calibre 20 igual à que foi usada no crime, foi apreendida e reconhecida por duas testemunhas como sendo de Lucas.
O delegado escreveu em seu relatório final que fica agora a prerrogativa de Lucas suportar sozinho o ônus do crime ou quebrar o silêncio e apontar os comparsas ou mandantes do crime.
José Lucas Martins está preso em Araçuaí, cumprindo pena por crimes de furtos e arrombamentos e por não comparecimento ao albergue, após ganhar liberdade condicional. Ele deverá acompanhar todo o processo de oitiva das testemunhas.
O inquérito que apura o crime tem dois volumes e 411 páginas. 
Fonte: Gazeta de Araçuaí

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