O que provoca o despertar de um nonagenário? Se uma mulher é capaz de reacender o desejo sexual em José Silva, casado e morando numa casa de campo, é puro sinal de vida. Ele fala de Albert Camus, ele fala de Clarice Lispector, ele vai relatando seus dias com o feitiço da paixão, ele respeita a esposa, sonha dia e noite com Laura.
O sexto livro de Joaquim Celso Freire, “Meu Pé de Alecrim Deu Fulô” (Alpharrabio Edições, 96 páginas, R$ 30), será lançado na livraria Leitura do Pátio Savassi, hoje, a partir das 19h. O autor, mineito de Coronel Murta (Vale do Jequitinhonha), ambienta seus livros no lugar onde nasceu, embora viva em São Paulo há muitos anos.
“Minha obra é muito influenciada pelo tempo em que vivi no Vale, pelas experiências no contato com a terra e com as pessoas, pelo contraste de uma natureza ao mesmo tempo austera e bela, pelas estórias que ouvi dos mais velhos, pelas nuances da vida, enfim”, afirma o autor.

O personagem José Silva é recorrente. Está presente em “Um Silva de A a Z” (2007) e “O Rio das Minhas Manhãs” (2012). O protagonista – que veio da roça, passou pela fábrica e aprendeu a ler Kierkegaard – está agora com 90 anos de idade.

“Inicialmente, não pensava em uma trilogia, mas decidi retomar os personagens, desta vez centrando a ação em um intervalo de tempo bem mais curto. Ao longo de toda a história, passam-se apenas dois dias”, explica Celso Freire, que segue fiel a seu estilo, fazendo da prosa poesia e impregnando a narrativa com cheiros, gostos e reflexões, tudo pontuado por inserções de personagens célebres de grandes autores da literatura universal, como Albert Camus, Clarice Lispector, Ernest Hemingway, Fiódor Dostoievski, Florbela Espanca, Franz Kafka, Voltaire, entre outros.
Fonte: Hoje em Dia