segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Humberto Souto eleito como prefeito de Montes Claros.

Prefeito mais bem votado da história de Montes Claros
Durante coletiva, Humberto Souto, no destaque, prometeu que o município acabará com a corrupção, desonestidade e outros interesses
Humberto Souto, prefeito eleito de Montes Claros, ladeado pelo deputado estadua Gil Pereira e ex-prefeito Athos Avelino. 
O prefeito eleito, Humberto Souto (PPS) se tornou no homem mais votado de toda história de Montes Claros, alcançando 123.156 votos, superando a marca do seu adversário, Ruy Muniz, que, na eleição de 2012, teve 105.610 votos. Souto não escondeu a satisfação, mas disse que esperava uma votação maior, pois a população o abordava nas ruas dando apoio.
Ontem à noite, 30.10, na sua primeira entrevista coletiva, alertou aos montes- clarenses que “não tem varinha de condão”, mas garantiu que se esforçará para fazer a melhor administração da história da cidade. Prometeu que o município acabará com a corrupção, desonestidade e outros interesses.
A sua vitória acabou com a polêmica criada pelo seu adversário, Ruy Muniz, que teve 65.416 votos e tinha recorrido à Justiça Eleitoral para confirmar sua participação no segundo turno. Com a vitória de Humberto, o Tribunal Superior Eleitoral deverá encerrar o processo na terça-feira. Ontem à tarde, os aliados de Ruy Muniz começaram a perceber a derrota e deixaram as sessões. Aproximadamente às 18h30, os aliados de Humberto Souto se concentraram em frente ao Cartório Eleitoral e ao Lanche Mania, fazendo a festa da vitória.
“Não tenho varinha de condão, mas vou me esforçar para fazer a melhor administração da história dessa cidade”, afirma Humberto Souto
Na entrevista, Humberto Souto anunciou que vai reavaliar a compra do prédio da Coteminas, para ser montada a Cidade Administrativa, pois considerou a aquisição uma ação criminosa que fizeram com Montes Claros, pois comprometeu o orçamento em várias áreas, sendo que a prefeitura tinha uma área de 150 mil metros quadrados ao lado. Humberto demonstrou preocupação com a situação do atual prefeito José Vicente, que considera uma pessoa boa, mas tem de fechar as contas no final do ano, como determina a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Ainda na entrevista, lamentou que Montes Claros tenha um orçamento fictício, pois nesse ano é de R$ 1,4 bilhão e o faturamento chegou a apenas R$ 400 milhões até agora, enquanto o orçamento de 2017 está estimado em R$ 1,7 bilhão. Ele não intercederá junto aos vereadores para mudar esse orçamento, pois entende que isso caberá a Câmara Municipal. Na sua concepção, deveria ser um orçamento dentro da realidade, sem essa diferença gritante, pois o momento da cidade é crítico.
Ele lamentou que não ter conhecimento da atual situação da Prefeitura, mas disse que vai priorizar a saúde publica, restabelecendo as conversas com os hospitais que atendem pelo SUS. O prefeito eleito lembrou que todo administrador sempre enfrenta problemas no primeiro ano. Nesse sentido, salientou que se for possível, prefere ter a gestão hospitalar na Prefeitura, pois a situação será mais tranquila e com competência. Mas que tudo vai ser discutido com o governo.
Outra medida que Humberto pretende adotar é buscar o presidente Michel Temer, que foi seu colega de Câmara dos Deputados por 20 anos, além do governador Fernando Pimentel, pois garante que buscará unir forças para lutar por Montes Claros e sem qualquer discriminação a grupos políticos. Souto lembrou que todos os seus esforços serão também é para tirar Montes Claros das páginas policiais.
Foto e texto de Girleno Alencar - Jornal Gazeta

Resultado final
Humberto Souto - PPS - 65,31% - 123.156 VOTOS

Ruy Muniz - PSB - 34,69% - 65.416 VOTOS

TOTAL - 211.563 


VOTOS VÁLIDOS - 188.572 (89,13%)
VOTOS BRANCOS - 5.690 (2,69%)
VOTOS NULOS - 17.301 (8,18%) 
ABSTENÇÕES - 50.933 (19,40%)

Viva a liberdade da educação!


 
 Por Felipe Gabrich
O conservadorismo brasileiro, aliado aos interesses escusos dos grupos econômicos que querem manter a população sob a chibata da ignorância, ou seja, desinformada e mais fácil de manipular, não mudou o seu secular discurso e suas decanas práticas de exploração do homem.
Tudo está como dantes no quartel do Abrantes.
A fala da secundarista Ana Júlia (foto), explicando os protestos e as ocupações nas escolas contra a PEC-241, causou emoção em todo o país pela sua autenticidade e sinceridade. “A nossa bandeira, disse, é a educação”.
Os golpistas de plantão trataram imediatamente de esvaziar e desmerecer a retórica de uma estudante de apenas dezesseis anos, tachando-a, dentre outras abomináveis acusações gratuitas, de comunista e de subversiva.
Igualzinho ao que faziam os arautos da ditadura militar de 64. Lembro-me bem que, como militante do Movimento Democrático Brasileiro, manifestava em praça pública a favor da liberdade, da democracia e da soberania nacional.
Os segmentos conservadoristas da sociedade, na época, disseram que eu era comunista e subversivo.
Agora vejam os senhores: os golpistas de 64 chamavam-me de comunista e subversivo simplesmente porque eu tinha coragem de lutar pela liberdade, pela democracia e pela soberania nacional.
Pouco mais de sessenta anos depois, em pleno Século XXI, sob um regime de uma República Civil que se diz democrática, os ainda conservadoristas denominam uma estudante, ainda na flor da idade, de comunista e subversiva simplesmente porque ela teve peito e ingenuidade de gritar para quem quisesse ouvir que os secundaristas deste País têm como bandeira a defesa intransigente da educação.
Ora bolas, bolinhas e bolões, resmungaria de sua tumba o espírito do anoso escravo Tuia.
E nós, progressistas ainda vivos, corroboraríamos: ora bolas, bolinhas e bolões!
Felipe Gabrich é jornalista, de Montes Claros, e colaborador do EM CIMA DA NOTÍCIA 

Escola sem partido, a lei da mordaça


:
 *Por Durval Angelo
O educador e filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883/1955), considerado um dos grandes pensadores do século XX, dizia a respeito do mister do professor: "sempre que ensinares, ensine a duvidares do que estiver ensinando". Acredito ser esta a missão do educador em sua ação docente: estimular a crítica, levar o aluno a relacionar as situações, a fazer perguntas do lido e do vivido e, principalmente, fazer o aluno a pensar por conta própria. O conhecimento nada mais é do que uma cadeia de perguntas e respostas. Bem antes, o filósofo Sócrates (469-399 a.C.) já concluía que "não posso ensinar nada a ninguém, só posso fazê-los pensar".
Como professor há quase quatro décadas nas redes pública e privada de ensino, acredito que a escola deve ser um ambiente de prática libertadora, onde todos podem se colocar, se contrapor, a partir da pluralidade de temas – com respeito às minorias e de combate a todo tipo de discriminação, seja de etnia, gênero, orientação sexual, religião, estilo de vida. Só que não é o que estabelece um Projeto de Lei intitulado de "Escola Sem Partido", prefiro chamar de "Lei da Mordaça", pois tenta usurpar o pensamento crítico do ambiente escolar.
A proposta tramita em várias casas legisladoras do País e tem como autores, em maioria esmagadora, líderes fundamentalistas. Na Câmara, há três projetos tramitando baseados no Escola sem Partido. O Projeto de Lei (PL) 7180/2014, do deputado Erivelton Santana (PSC/BA), o PL 867/2015, do Izalci Lucas (PSDB-DF) e o PL 1411/2015, de Rogério Marinho (PSDB/RN), este sendo o único não ligado a alguma igreja. No Senado, o pastor evangélico Magno Malta (PR-ES) é autor de texto semelhante, apresentado como PLS 193/2016.
Os projetos são baseados no Movimento Escola Sem Partido, criado em 2004 para combater a "doutrinação ideológica". O próprio nome deste movimento é enganador, pois nos coloca uma dicotomia entre uma escola sem partido ou uma escola com partido. Mas, não se enganem, não é isso que está em jogo. O Escola Sem Partido defende que professores não são educadores e que "formar o cidadão crítico" é sinônimo de "fazer a cabeça dos alunos". É um projeto de escola que remove o seu caráter educacional, defendendo que os professores apenas instruam para formar trabalhadores sem capacidade de reflexão crítica.
Na prática, temas como homossexualidade ou ideologia de gênero não poderão ser discutidos em salas de aula, pois poderão ser considerados conteúdos conflituosos com as convicções religiosas ou morais dos pais e responsáveis, o que é vedado pelos projetos. Assuntos sobre a conjuntura política e econômica do País também não poderão ser trabalhados nas escolas. Segundo o programa, o professor só deve abordar a matéria de forma isolada, sem tratar da realidade do aluno e do que está acontecendo no mundo, sem discutir o que acontece no noticiário ou na comunidade em torno da escola. Ele também proíbe a apresentação de conteúdo ideológico para os estudantes – nesse caso há uma evidente partidarização, pois somente conteúdos considerados de esquerda são citados, como se não houvesse uma ideologia de direita para manter a dominação e as injustiças. O projeto ainda prevê a fixação de cartazes nas salas de aula com uma lista de "Deveres dos Professores", como na época da Alemanha nazista, onde a educação se transformou em um instrumento de doutrinação e massificação da sociedade.
O Escola Sem Partido é tão arbitrário como absurdo e tem como embaixador o ator pornô, Alexandre Frota. A proposta é tema, inclusive, de uma nota técnica do Ministério Público Federal encaminhada ao Congresso Nacional, no dia 22 de julho, no qual aponta a inconstitucionalidade de um dos projetos – PL 867/2015. O documento apresenta que, sob o pretexto de defender princípios como a "neutralidade política, ideológica e religiosa do Estado", assim como o "pluralismo de ideias no ambiente acadêmico", o Programa Escola sem Partido coloca o professor em constante vigilância, principalmente para evitar que afronte as convicções morais dos pais. "O projeto subverte a atual ordem constitucional por inúmeras razões: confunde a educação escolar com aquela fornecida pelos pais e, com isso, os espaços público e privado, impede o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, nega a liberdade de cátedra e a possibilidade ampla de aprendizagem e contraria o princípio da laicidade do Estado – todos esses direitos previstos na Constituição de 88", destaca a nota.
Acredito que a escola deve ter claro a missão de levar o aluno a pensar e refletir. Hoje, mais do que nunca, é preciso reencantar a educação, que se configura como a mais avançada tarefa emancipatória. Todos os povos na sua história, mostram que a educação só vai ter sentido se ela emancipar. Ela tem papel determinante na criação da sensibilidade social, tão necessária para reorientar a sociedade. Uma sociedade onde caibam todos, só é possível em um mundo no qual caibam muitos mundos.
Nesse sentindo, lembro-me da carta deixada por uma das vítimas da segunda guerra mundial, dirigindo uma mensagem aos educadores: "Prezado Professor, sou sobrevivente de um campo de concentração. Meus olhos viram o que nenhum homem deveria ver. Câmaras de gás construídas por engenheiros formados. Crianças envenenadas por médicos diplomados. Recém-nascidos mortos por enfermeiras treinadas. Mulheres e bebês fuzilados e queimados por graduados de colégios e universidades. Assim, tenho minhas suspeitas sobre a Educação. Meu pedido é: ajudem seus alunos a tornarem-se humanos. Seus esforços nunca deverão produzir monstros treinados ou psicopatas hábeis. Ler, escrever e saber aritmética, só serão importantes se fizerem nossas crianças mais humanas.".
Essa carta se faz ainda atual, principalmente se considerarmos a conjuntura de propagação de ódio e da intolerância em que vivemos. O papel da escola deve ser em superar o preconceito e dar espaço para a pluralidade do pensamento. É preciso ter claro que, como afirmou Galileu Galilei ( 1564/1642), a educação é limitada: "não se pode ensinar tudo a alguém, só pode ajudá-lo a encontrar por si mesmo". Mesmo assim, a escola não deve se furtar ao papel de preparar alunos para o exercício da cidadania. Que a nossa escola seja uma escola de busca de saberes que reencante o mundo, a vida, as pessoas.
Deputado estadual (PT-MG), líder do governo na ALMG

Eleito prefeito de BH, Kalil não quer conversa com Aécio e se aproxima de Pimentel

CNBB lança nota afirmando que PEC 241 é "injusta e seletiva"

Entidade afirma ainda que a proposta "supervaloriza o mercado em detrimento do Estado".

Brasil de Fato | São Paulo (SP), 
Dom Sergio da Rocha, presidente da entidade, divulgou posição da Confederação nesta quinta-feira (27) / Agência Brasil
A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta quinta-feira (27) nota da entidade se posicionando em relação à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que congela investimentos públicos pelos próximos 20 anos. O documento afirma que a medida é “injusta e seletiva”.
“Ela [PEC] elege, para pagar a conta do descontrole dos gastos, os trabalhadores e os pobres, ou seja, aqueles que mais precisam do Estado para que seus direitos constitucionais sejam garantidos. Além disso, beneficia os detentores do capital financeiro, quando não coloca teto para o pagamento de juros, não taxa grandes fortunas e não propõe auditar a dívida pública”, diz o texto.
Confira a versão em áudio da nota (para baixar o arquivo, clique na seta à esquerda do botão compartilhar):
A entidade afirma ainda que a proposta ataca o texto constitucional e pede que, antes de sua votação no Senado, haja um amplo debate na sociedade brasileira: “A PEC 241 supervaloriza o mercado em detrimento do Estado. Afronta a Constituição Cidadã de 1988. Pesa, neste momento, sobre o Senado Federal, a responsabilidade de dialogar amplamente com a sociedade a respeito das [suas] consequências”.
Leia abaixo a nota na íntegra:
Brasília-DF, 27 de outubro de 2016
NOTA DA CNBB SOBRE A PEC 241
“Não fazer os pobres participar dos próprios bens é roubá-los e tirar-lhes a vida.”

(São João Crisóstomo, século IV)

O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília-DF, dos dias 25 a 27 de outubro de 2016, manifesta sua posição a respeito da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, de autoria do Poder Executivo que, após ter sido aprovada na Câmara Federal, segue para tramitação no Senado Federal.
Apresentada como fórmula para alcançar o equilíbrio dos gastos públicos, a PEC 241 limita, a partir de 2017, as despesas primárias do Estado – educação, saúde, infraestrutura, segurança, funcionalismo e outros – criando um teto para essas mesmas despesas, a ser aplicado nos próximos vinte anos. Significa, na prática, que nenhum aumento real de investimento nas áreas primárias poderá ser feito durante duas décadas. No entanto, ela não menciona nenhum teto para despesas financeiras, como, por exemplo, o pagamento dos juros da dívida pública. Por que esse tratamento diferenciado?
A PEC 241 é injusta e seletiva. Ela elege, para pagar a conta do descontrole dos gastos, os trabalhadores e os pobres, ou seja, aqueles que mais precisam do Estado para que seus direitos constitucionais sejam garantidos. Além disso, beneficia os detentores do capital financeiro, quando não coloca teto para o pagamento de juros, não taxa grandes fortunas e não propõe auditar a dívida pública.
A PEC 241 supervaloriza o mercado em detrimento do Estado. “O dinheiro deve servir e não governar! ” (Evangelii Gaudium, 58). Diante do risco de uma idolatria do mercado, a Doutrina Social da Igreja ressalta o limite e a incapacidade do mesmo em satisfazer as necessidades humanas que, por sua natureza, não são e não podem ser simples mercadorias (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 349). 
A PEC 241 afronta a Constituição Cidadã de 1988. Ao tratar dos artigos 198 e 212, que garantem um limite mínimo de investimento nas áreas de saúde e educação, ela desconsidera a ordem constitucional. A partir de 2018, o montante assegurado para estas áreas terá um novo critério de correção que será a inflação e não mais a receita corrente líquida, como prescreve a Constituição Federal.
É possível reverter o caminho de aprovação dessa PEC, que precisa ser debatida de forma ampla e democrática. A mobilização popular e a sociedade civil organizada são fundamentais para superação da crise econômica e política. Pesa, neste momento, sobre o Senado Federal, a responsabilidade de dialogar amplamente com a sociedade a respeito das consequências da PEC 241.
A CNBB continuará acompanhando esse processo, colocando-se à disposição para a busca de uma solução que garanta o direito de todos e não onere os mais pobres.
Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, continue intercedendo pelo povo brasileiro. Deus nos abençoe!
Dom Sergio da Rocha

Arcebispo de Brasília

Presidente da CNBB

Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ

Arcebispo de São Salvador da Bahia

Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM

Bispo Auxiliar de Brasília

Secretário-Geral da CNBB

Edição: Camila Rodrigues da Silva
Fonte: Brasildefato

Berilo: COQUIVALE organiza I Encontro de Mulheres Quilombolas do Vale do Jequitinhonha



372 anos de escravidão, 
128 de exclusão 
e agora elas vão se encontrar para construir juntas a liberdade definitiva.

Vem aí, o l Encontro de Mulheres Quilombolas do Vale do Jequitinhonha.

26 e 27 de novembro de 2016, na comunidade quilombola de Vila Santo Isidoro, Berilo-MG.


A COQUIVALE - Comissão das Comunidades Quilombolas do Médio Jequitinhonha está organizando o I Encontro de Mulheres Quilombolas do Vale do Jequitinhonha, a se realizar na comunidade quilombola de Vila Santo Isidoro, a 7 quilômetros da cidade de Berilo, no Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas.

O local de realização das atividades será na Escola Estadual de Santo Isidoro, onde as participantes de 126 comunidades quilombolas do Vale estarão hospedadas. 


Neste fim de semana, a diretoria da COQUIVALE se reuniu para definir os detalhes da organização e programação do evento.




Alexandre Kalil é eleito prefeito de Belo Horizonte

Com 100% das urnas apuradas, ex-presidente do Atlético está eleito com 52,98% dos votos

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PUBLICADO EM 30/10/16 - 19h05
Com 100% das urnas apuradas, Alexandre Kalil (PHS) já está eleito como o novo prefeito de Belo Horizonte, com 52,98% dos votos, vencendo com margem estreita o candidato João Leite (PSDB).
O segundo turno foi marcado pelos ataques entre candidatos e pela virada ocorrida logo após o começo da propaganda eleitoral, superando a vantagem inicial de João Leite, que teve 33,4% dos votos na primeira etapa eleitoral, enquanto o empresário teve 26,56%.
Veja o discurso da vitória de Kalil
Disputando a prefeitura pela primeira vez e contando com pouco tempo de televisão no primeiro turno, Kalil e seus coordenadores de campanha souberam usar muito bem as redes sociais e os debates para firmar a imagem de que não era político. Em uma disputa de onze candidatos, Kalil superou Délio Malheiros (PSD), vice-prefeito de Marcio Lacerda (PSB), o petista Reginaldo Lopes e o peemedebista Rodrigo Pacheco, que tinham coligações teoricamente mais fortes e mais inserções na televisão e no rádio.
Depois de abrir vantagem nas pesquisa do segundo turno, Kalil viu a diferença diminuir com a exibição de propagandas que exibiam críticas de ex-funcionários de suas empresas. A margem estreita fez com que tanto Kalil quanto João Leite subissem o tom das críticas, em especial nos debates televisionados, em especial no debate feito na Rede TV.
Kalil reagiu usando os programas eleitorais para reforçar sua imagem como gestor, usando não só a gestão de suas empresas como também o período que esteve a frente do Atlético, e aumentando a artilharia contra o adversário. No último debate, feito na Rede Globo, ele chegou a ler uma lista dos cargos de apadrinhados políticos do PSDB na prefeitura de Belo Horizonte e declarou que a filha de João Leite tinha assumido um cargo na secretária de saúde graças ao pai.
Veja nossa sabatina com Alexandre Kalil
O perfil de Kalil
Empresário do ramo de construção civil, Alexandre Kalil, 57, largou o curso de engenharia no quarto ano para se dedicar ao trabalho na empresa fundada pelo pai e pelo tio, a Erkal. De jeito bravo, quase grosso, Kalil, durante a campanha, nunca se preocupou em acatar as recomendações de marqueteiros e assessores quando aparecia em frente à imprensa ou em eventos. Durante as agendas, era cena comum observar o empresário fazendo fotos de cara amarrada. Curiosamente, ao contrário do que se pode esperar de um candidato durante eleição, Kalil não procurava repórteres e fotógrafos. Por mais de uma vez, inclusive, chegou a ironizar um profissional de sua própria campanha que pedia, aos gritos, que ele virasse em sua direção.
Apesar disso, há quem jure de pé junto que o empresário tem bom-humor e cordialidade. “É uma pessoa bem- humorada, que brinca bastante. É incisivo, confronta opiniões, mas sempre foi aberto ao debate. É fácil de trabalhar”, conta o diretor jurídico do Atlético, Lásaro Cândido Cunha, que entrou para o clube no primeiro ano de Kalil como presidente.
Embora seja entusiasta de uma ideia tecnocrata e de permear o sonho liberal de um governo de especialistas, o empresário não descartou reuniões com conhecidas lideranças partidárias para lançar sua candidatura. Ainda filiado ao PSB, não se acertou com o prefeito Marcio Lacerda.
Depois, foi cotado pelo PMDB, mas discordou das já esperadas contrapartidas solicitadas por caciques da legenda. Em Brasília, um solitário Antonio Anastasia (PSDB) visualizava potencial em Kalil, mas, com um diretório municipal desunido e repleto de pretendentes, a ideia tucana não avançou.
Semanas depois, o diálogo com lideranças do PHS cresceu naturalmente. A ideia de uma candidatura quase independente agradou às duas partes, já que a legenda também observava a chance de crescer com um candidato relevante durante a eleição majoritária na capital.
Turrão, mas gente boa
Para o deputado Iran Barbosa, um dissidente do PMDB que apoiou o empresário desde o início, Kalil faz o estilo paizão. “Quando ele tem que elogiar, elogia sem medir esforços. Quando vai criticar, critica de verdade. É um estilo meio paizão”, conta. Segundo o coordenador de mídias sociais da campanha, Alberto Lage, as melhores reuniões do pleito aconteciam na casa de Kalil, quando, após horas de planejamento e discussões, o empresário preparava esfirras. “Agora, ele está com a agenda apertada demais para fazer isso”, diz. Segundo o próprio Kalil, seu prato favorito na hora de ir para a cozinha é, além das esfirras, um charuto árabe. “Receita de família, aprendi com minha mãe”, diz.
“Ele faz cara feia quando corrigido. Para, pensa um pouco, mas acaba aceitando e valorizando a sugestão. É diferente do padrão do político que finge que não liga de ser criticado, mas, depois, guarda rancor para sempre”, compara Lage.
Diante de declarações polêmicas, alfinetadas e provocações, não era raro ver o empresário envolvido em um bate-boca com rivais. Um dos mais quentes e que lhe rendeu um processo foi com o ex-diretor de futebol do Cruzeiro Valdir Barbosa. Na época, Kalil chegou a chamá-lo de “lacaio”. O dirigente, hoje no Coritiba, no entanto, diz não guardar mágoas. “Isso foi coisa do futebol, acontece. As questões já estão todas resolvidas”.
Rival de Kalil durante a eleição a presidente do Atlético em 2011, o engenheiro Frederico Couto, que chegou a fazer críticas duras a ele, se diz convencido de que Kalil é a figura que o momento pede. “Ele tem as condições necessárias para ser um bom prefeito. Minhas críticas eram puramente administrativas, sendo que o segundo mandato dele foi ainda melhor que o primeiro. Penso diferente em muitas coisas, mas não tenho dúvidas de que ele é a melhor opção”, declara.
Rápido no gatilho
Em 2014, quando o viaduto Batalha dos Guararapes caiu matando duas pessoas, o advogado tributarista Rodolfo Gropen, hoje presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, estava com Kalil. O prefeito Marcio Lacerda se dirigia para uma coletiva, e Gropen questionou Kalil sobre o que ele diria na situação. “Diria só uma coisa: alguém precisa ser preso, nem que seja eu’”, resumiu o empresário.

Dirigente
No Galo, Alexandre Kalil encontrou um clube em crise. Dívidas milionárias, tanto tributárias quanto trabalhistas, atrasos nos pagamentos de funcionários e de jogadores, dezenas de cargos administrativos e de marketing e, no futebol, carro-chefe da entidade, goleadas e derrotas históricas. Era a tempestade perfeita que, um mês antes, fez com que o ex-presidente Ziza Valadares deixasse o comando. Um dos primeiros atos foi a extinção de todo o departamento de marketing e de diretores com salários que rivalizavam com os dos próprios jogadores. O enxugamento da máquina atleticana fez aumentar o investimento no futebol, mas não impediu que a dívida do clube crescesse na mesma proporção.
“Kalil formou uma diretoria competente no Atlético, que contava apenas com especialistas. Na época em que ele fez os convites, não conhecia nenhum dos diretores, não chamou ninguém por amizade. Chamou porque sabia que fariam um bom trabalho”, conta Rodolfo Gropen. Ao fim dos seis anos em que foi presidente do Atlético, Kalil viu a dívida do clube crescer em quase R$ 130 milhões. Costuma argumentar que, quando entrou na instituição, a dívida já era impagável, e seu crescimento foi causado por juros. “Em todos os balanços de minha administração, o clube foi superavitário”, justifica.

Família
Pai de três filhos, Kalil é apegado à família. Por isso, consultou o trio antes de se lançar à prefeitura da capital. Namorada de Kalil há dez anos, a paisagista Ana Laender participava de gravações, dava opiniões e revia os debates ao lado dele para que ele refletisse sobre seu desempenho. O pai, Elias Kalil, ex-presidente do Atlético na década de 1980 e falecido em 1992, é uma figura constantemente citada pelo empresário em entrevistas.
Em 2013, após a conquista do título da Libertadores pelo Galo, Kalil atribuiu ao pai o escorregão de um atacante adversário que saía de cara para o gol vazio: “Foi papai, lá do céu, que puxou a perna dele”. “Acho que, se papai visse minha campanha, ficaria feliz. Ele sempre foi um homem religioso, um homem que gostava de ajudar instituições, de ajudar as pessoas. Tenho certeza de que vai ficar orgulhoso de me ver cuidando da cidade”, diz o empresário, que se aproximou da religiosidade depois de perder sua principal referência.

Fonte: