sábado, 10 de junho de 2017

Araçuaí: Vereadores querem acabar com Feirinha. Projeto divide opiniões.

Projeto do vereador Asdúbal do Hospital já foi aprovado em primeira votação. Última votação ocorre nesta sexta-feira (9). Grupo contrário ao projeto promete muito barulho para impedir aprovação.

Foto: Gazeta de AraçuaiVereadores querem acabar com Feirinha em Araçuai. Projeto divide opiniões.
Feirinha de sexta-feira, funciona na área externa do mercado municipal e oferece diversidade de produtos hortifrutigranjeiros
Donas de casa, consumidores e feirantes, prometem protestar, caso a Câmara de Vereadores, aprove o fim da chamada “ Feirinha da Sexta”, que funciona na parte externa do mercado municipal de Araçuai, no Vale do Jequitinhonha (MG), nas tardes de sexta-feira.
 
Aprovado em primeira votação o Projeto de lei, do vereador Asdúbal do Hospital. proíbe  a comercialização de produtos hortifrutigranjeiros e outras mercadorias, no entorno do mercado municipal.
 
Para que se seja aprovado, o projeto precisa passar por segunda votação para ter força de lei. A votação estava prevista para a última sexta-feira,(2) mas foi suspensa devido ao protesto de um feirante no plenário da Câmara. A votação final, está prevista para esta sexta-feira (9).Se aprovado, será encaminhado para ser sancionado pelo prefeito que pode vetar ou não.
  
Os vereadores favoráveis ao projeto, afirmam que foi apresentado abaixo assinado de produtores rurais do município, com cerca de mil  assinaturas manifestando repúdio à forma que  vem ocorrendo a feirinha nas sextas- feiras, com o argumento, que eles estão sendo prejudicados nas vendas do sábado, quando é realizada a feira tradicional.
 
 
Projeto do vereador Asdúbal do Hospital ( ao centro ) causa polêmica e divide opiniões.
Projeto do vereador Asdúbal do Hospital ( ao centro ) causa polêmica e divide opiniões.
 O autor do projeto,  vereador Asdubal,  diz que os feirantes de outras cidades estão vendendo seus produtos na sexta-feira,  prejudicando os pequenos feirantes e produtores familiares do município
  
A iniciativa, provocou polêmicas e divide opiniões,principalmente nas redes sociais.
 
A internautaJanyce Fáttima, expôs sua opinião no facebook : " Pois é que eu estou falando porque tem pessoas da zona rural sendo prejudicadas. Faz dó de ver eles  jogar fora seus produtos ou voltar pra casa com eles ou dar pra pessoas daqui da cidade que fica nos arredores do mercado ou dar alguma pessoa pra vender na meia. Isso nao é justo sendo que a feira é no sábado". Assim como ela, dezenas de internautas comentaram a favor e contra o projeto.
 
Na área onde é realizada a feirinha, existem cerca de 20 barracas. “ Mesmo que o projeto seja aprovado, não sairemos daqui. É um absurdo o que os vereadores estão fazendo. Deveriam se preocupar com outros problemas mais sérios que a cidade está enfrentando, como a falta de segurança, iluminação, esgotos a céu aberto e crise na saúde”, argumentam.
  
Não vamos sair daqui. garante o agricultor Jailson Alves.
Não vamos sair daqui. garante o agricultor Jailson Alves.
 O agricultor Jailson Alves de Oliveira, de 38 anos, foi um dos primeiros a iniciar as vendas no local. Ele é produtor de hortaliças, e diz que sustenta a família e os 2 filhos com a venda. “ Se proibirem na sexta, vamos expor na quinta, se proibirem na quinta, vamos vender na quarta. Daqui não vamos sair”, garantiu o agricultor. Ele não paga pela ocupação do espaço e defende que é preciso organizar melhor a feira, com cadastramento dos feirantes e produtores e fiscalizar a ação dos  atravessadores. “ Esses vereadores são irresponsáveis. Por que não se preocuparam com o fechamento do matadouro municipal? Estão incomodando quem está trabalhando honestamente. Vamos dar o troco a eles nas próximas eleições”, disse o produtor.
  
A mãe dele, Emília Alves Moreira, de 71 anos, conta que desde menina, sempre comercializou produtos no mercado municipal e foi desta forma que criou os 4 filhos. “Todos trabalham aqui na feira. Estamos revoltados com esta  iniciativa”, esbravejou a idosa.
 
 
A feirante Márcia Alves, liderou abaixo assinado contra o projeto.
A feirante Márcia Alves, liderou abaixo assinado contra o projeto.
 No meio da feirinha, Márcia Alves de Sousa, também expositora, de 45 anos, circulava um abaixo-assinado  a ser encaminhado à Câmara,  protestando contra o fim da feirinha. “ É retirar o direito de escolha das pessoas.  Tem gente que prefere comprar verduras, hortaliças e frutas na sexta-feira e outras no sábado.Vamos organizar uma manifestação contra esta medida”, garantiu.
  
Residente  em Jenipapo de Minas, a 50 km de Araçuai, Adimilson Alves Pereira, de 36 anos, contou que sempre vaí à feira quando está na cidade. “ Vou resolver problemas durante a semana e aproveito para fazer compras na feira. Acabar com ela será ruim para todos”, acredita Alves.
  
Esposa do vereador autor do projeto que acaba com a feira, é a favor da medida.
Esposa do vereador autor do projeto que acaba com a feira, é a favor da medida.
 A esposa do vereador Asdubal do Hospital, Maria Emília Oliveira, de 53 anos, também é expositora na feirinha.
 
“Nasci e cresci na roça e há dois anos vendo meus produtos aqui na feirinha”, conta Maria Emília. Ela diz ser a favor do projeto, porque os produtores familiares estão sendo prejudicados. “É de cortar o coração. Eles chegam na manhã de sábado, pagam despesas e passagens de ônibus e muitos não vendem seus produtos”, destaca Maria Emília. Ela acredita que comerciantes de fora prejudicam o comércio. “ Eles vendem aqui e levam o dinheiro para fora”, acrescenta.
 
 
Caminhão de verduras de Taiobeiras, abastece o mercado.
Caminhão de verduras de Taiobeiras, abastece o mercado.
 
O distribuidor de verduras de Taiobeiras, a 170 km de Araçuai, Jorge Luiz Ferreira, de 24 anos,  diz que a família dele, abastece o mercado  de Araçuai, com seus produtos hortigranjeiros, há 14 anos. “ É um negócio de pai para filho”, diz ele.
 
Todas as sextas, ele encosta um caminhão baú nas proximidades da feirinha,  carregado com sacos de verduras que são vendidas no local. “ Esse negócio de acabar com a feirinha, é uma grande bobagem. A queda nas vendas é resultado da crise que o país atravessa. Aqui tem espaço para todo mundo”, observa Jorge Luiz.
  
A dona de casa Benildes Ribeiro Paim, 50 anos, assina o abaixo-assinado que será entregue aos vereadores. “ Esta feira é uma benção para as donas de casa que não podem vir no sábado e para todo mundo. Se houver manifestação, estou dentro”, afirma.
  
Dezenas de pessoas que se encontravam no local, fazem coro junto com a dona de casa. “Não podem acabar com esta feira”, destacam os consumidores.
 
  
Sérgio Vasconcelos Repórter, na Gazeta de Araçuai

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