segunda-feira, 30 de outubro de 2017

IBOPE mostra a força de Lula e o desespero dos adversários



Tereza Cruvinel, no Brasil 247, em 29.1017.

Esta primeira pesquisa Ibope sobre a sucessão presidencial representa uma espécie de marco zero da corrida, e Lula larga com vários corpos de vantagem sobre todos os concorrentes. Certamente por isso mereceu tão pouco destaque por seu patrocinador, jornal O Globo.   
É preciso olhar com mais atenção para a consulta espontânea do que para a estimulada para se constatar claramente que a força de Lula provoca o desespero de seus adversários.   
Na pesquisa espontânea, quando o eleitor declara sua preferência sem consultar uma cartela com nomes, o ex-presidente obtém 26%, praticamente três vezes mais que o segundo colocado nesta modalidade, Jair Bolsonaro (9%),  13 vezes mais que Marina Silva (2%), enquanto  todos os outros candidatos ficam com apenas 1%. A pesquisa espontânea, quando falta muito tempo para o pleito, é o indicador mais consistente da solidez de uma candidatura.
Ou seja, Lula é a única força eleitoral realmente viva no quadro eleitoral e Bolsonaro a encarnação anêmica, porém melhor sucedida, do anti-lulismo.
             A segunda caravana de Lula, que se encerra nesta segunda-feira em Belo Horizonte, depois de um périplo pelo interior recolhendo apoio e carinho dos mineiros,  aponta para outra realidade indiscutível.  Neste Brasil entorpecido pelos efeitos do golpe e do governo imoral de Michel Temer,  só Lula consegue mobilizar o povo, enquanto Temer e Aécio engordam índices de rejeição.  
Apesar da Lava Jato e da fuzilaria que ele tem enfrentado, nem partidos, nem sindicatos e movimentos sociais, e muito menos outros candidatos conseguem, como Lula, tirar as pessoas de seu recolhimento depressivo  para externar a esperança na redenção do país.
                Faltando um ano para o pleito, na pesquisa estimulada Lula ganha de todos os possíveis concorrentes em todos os cenários, e surge cristalina a possibilidade de vitória em primeiro turno.  Ele obtém de 35% a 36%, dependendo do elenco na cartela, ao passo que Bolsonaro varia de 15% a 18%,  também segundo a variação dos candidatos. Bem depois vem Marina Silva, variando de 8% a 11%, e na lanterna, embolados (variando de 5% a 7%), Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, João Doria e Luciano Huck.   
A inclusão do nome de Huck na pesquisa mostra o desespero da elite conservadora para encontrar um anti-Lula  mais palatável que Bolsonaro e mais competitivo que os dois tucanos.   Mas como não há tempo para a fabricação deste nome, apesar do experimento com o global Huck,  resta a aposta na inabilitação de Lula, embora isso também não resolva o problema do outro lado. 
PSDB, DEM e outros parceiros foram triturados pela aventura golpista em que se meteram e Lula, mesmo impedido de concorrer, tem força para alavancar outra candidatura petista levando-a ao segundo turno.
                Se Lula puder ser candidato, em algum momento, assim como ocorreu em 2002, a elite nacional terá que enfrentar um dilema: ou assimila sua volta,  dentro de um pacto para desatar os nós políticos e econômicos que asfixiam o Brasil,  ou dá um salto no escuro, abraçando um dos candidatos   que carecem das condições básicas para liderar um projeto restaurador.  A todos eles falta algo essencial. Ou projeto, ou legitimidade ou credibilidade.
                Lula, até agora, tem mobilizado multidões apenas pregando a revisão dos retrocessos impostos por Temer e alguns temas laterais, como a regulação da mídia,  que não chegam a motivar o eleitorado. 
O momento começa a cobrar também dele a apresentação de um programa mais claro e objetivo, que contenha as linhas gerais do que faria para realmente unificar o Brasil e recolocá-lo no leito do projeto interrompido, de crescimento com inclusão e redução das desigualdades que limitam a construção de uma nação efetivamente democrática e desenvolvida.
                A Fundação Perseu Abramo, do PT, é que tem se ocupado mais desta tarefa mas, para alargar a candidatura de Lula e sua viabilidade, a construção deste programa também precisa ser ampliada, incluindo nomes e forças que ultrapassem a fronteira do petismo.
Em 2018, dificilmente Lula firmará uma aliança com forças de centro, como em 2002. Desta vez, a prioridade será unificar as forças progressistas, e não apenas a esquerda partidária, na formulação de um programa que possa funcionar como pilar de uma pactuação  contra o atraso representado pelo golpe e pelo governo que ele produziu.
                O que o IBOPE revela, com esta pesquisa, é a força inconteste de Lula e as razões de seus adversários para se desesperar, apelando até para um Luciano Huck,  que como candidato seria o tipo mais nefasto de out sider:  desprovido de todos os requisitos para o cargo mas apoiado por um colossal poder midiático, o da Globo.










               

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Incêndio na Estação Ecológica de Acauã já dura nove dias e moradores precisam de doações


Um incêndio de grandes proporções está devastando a Estação Ecológica de Acauã, entre os municípios de Turmalina, Leme do Prado e Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha. O fogo, que começou na terça-feira da semana passada, já queimou mais da metade da reserva que têm mais de cinco mil hectares. As chamas se alastraram em direção a propriedades rurais causando prejuízos.
De acordo com Kenia Orsine, moradora de Turmalina, o incêndio segue agora em direção à localidade de Mato Grande, que é uma área com várias casas. “Não é só a destruição da estação ecológica, mas o risco real de uma tragédia. Em nove dias de incêndio, moradores vizinhos da reserva perderam plantações, currais e parte de suas propriedades. Se o fogo chega a Mato Grande, muitas famílias vão ficar desabrigadas, além do risco de vítimas”, alertou.
Segundo o major Anderson Passos, do Batalhão de Emergências Ambientais e Respostas a Desastres (Bemad), a maior dificuldade do combate ao incêndio na região é a vegetação bastante seca, o difícil acesso ao local e o forte calor. Da capital, uma equipe de 18 militares do Corpo de Bombeiros está reforçando o combate ao fogo, acompanhado de brigadistas do Instituto Estadual de Florestas e voluntários. Um helicóptero Arcanjo e dois aviões Air Tractor estão empenhados na contenção das chamas.
A estação ecológica foi criada em setembro de 1974. Somam-se 5.196 hectares de mata nativa. Sua vegetação é composta por cerrado denso com transição para mata atlântica, sendo a flora composta de plantas de grande e médio porte, e a fauna por espécies como tatu, lobo-guará, cutia, paca, caititu, macaco-prego, jacaré-de-papo-amarelo, contando ainda com mais de 190 espécies de pássaros identificados.

DOAÇÕES

O grupo “Somos Mais Fortes” está arrecadando os seguintes materiais:
- Detergente;

- Papel higiênico;
- Água;
- Café;
- Açúcar;
- Pão;
- Cestas básicas;
- 27 mil metros de mangueira de água;
- Combustível;
- Lanternas de cabeça.

Locais de entrega: Câmara Municipal de Turmalina, Sindicado dos Trabalhadores Rurais de Turmalina e Secretaria Municipal de Assistência Social de Turmalina.
As doações serão destinadas aos moradores de comunidades vizinhas a reserva, que tiveram mais de 27 mil metros de mangueira queimados pelo fogo, deixando dezenas de famílias sem água, e para os brigadistas, que trabalham dia e noite na tentativa de conter as chamas.

FOTOS































Fonte: Estado de Minas 

Acesso à água traça fronteira entre dignidade e miséria

Discussão do PPAG expõe contrastes na agricultura familiar e reforça necessidade de sintonia do governo com a população.

A estiagem no Vale do Jequitinhonha piora a cada ano, comprometendo o futuro de milhares de agricultores familiares
A estiagem no Vale do Jequitinhonha piora a cada ano, comprometendo o futuro de milhares de agricultores familiares - Foto: Willian Dias
chegada da chuva em Itaobim (Vale do Jequitinhonha) no final da última sexta-feira (20/10/17), após mais de seis meses de uma seca castigante, como já é rotina na região, foi bastante comemorada nos instantes finais do encontro regional da Discussão Participativa do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) 2016-2019 – Revisão para 2018.
Na véspera, ainda tímida, uma garoa fina por apenas dois ou três minutos no início da noite, na zona rural do município, também conhecido como a “Terra da Manga”, já havia pedido licença para renovar as esperanças do sertanejo em uma trégua com a seca. A estiagem, pior a cada ano, compromete o futuro de milhares de agricultores familiares.
Discussões como a promovida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em Itaobim são importantes porque dão voz à sociedade para que sugira mudanças em programas e ações do Governo do Estado.
O objetivo, para simplificar, é diminuir o abismo que separa agricultores familiares como Lodília Mendes dos Santos, a Dona Lodilha, e Lourivaldo Pereira da Silva, o Seu Loura. Separados por apenas alguns quilômetros, nos dois lados da BR-367, a realidade vivida por eles mostra como o acesso à água, um dos desafios do PPAG, traça uma fronteira entre viver e sobreviver, entre dignidade e miséria.
Chuva - Moradores da zona rural de Itaobim, Dona Lodilha e Seu Loura percebem a volta da chuva de forma diferente. A primeira com desconfiança; o segundo, com otimismo.
A água que escorre pelo solo tem destino incerto na propriedade da agricultora no Assentamento Belo Vista, que, com a ajuda de um trator do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itaobim, construiu um barramento, espécie de cratera na parte alta do terreno, com o objetivo de tentar acumular água.
Feito às pressas poucos dias antes, o barramento só deve ser uma fonte de água na segunda temporada chuvosa, depois que ela se infiltrar mais profundamente no solo, se a chuva for consistente até março.
A cerca de dez quilômetros dali, a chuva também cai no leito do Rio Jequitinhonha, que já viu dias melhores – apesar de ainda largo e imponente, é quase uma lâmina d’água, com apenas um palmo de profundidade nos trechos mais assoreados. Mas dez quilômetros, no caso de Dona Lodilha, é longe demais.
“A luta aqui é só pra quem tem coragem. Quem não tem coragem não fica, não”, avisa Dona Lodilha, que, aos 60 anos, mora com os filhos no lote 10 do assentamento. Ao todo, 40 famílias estão no local desde 2012, quando o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) regularizou a situação do acampamento.
Seu Loura construiu um sistema de irrigação em sua propriedade
Seu Loura construiu um sistema de irrigação em sua propriedade - Foto: Willian Dias
A terra veio, mas a água, só de caminhão-pipa, uma vez por semana, ou da chuva, sabe-se lá quando. “A chuva é só num ano ou no outro. Se for esperar a água da chuva, a gente morre de sede”, sentencia.
Irrigação - Na outra ponta, a mesma chuva que cai no Rio Jequitinhonha vai garantir mais produtividade para as terras de Seu Loura, que, com muita dificuldade e algum apoio, conseguiu construir há dois anos um sistema de irrigação, ainda que rudimentar. Antes, mesmo com sua propriedade às margens do rio, ele também passava por dificuldades, como Dona Lodilha.
“Antes da água, a gente não podia nem plantar. Se plantava, não colhia”, conta Seu Loura, 75 anos. “A gente cortava esse mato e plantava em volta daquelas coivaras (método em que se põe fogo nos montes de vegetação cortada para adubar o terreno com as cinzas) e, ainda assim, não colhia porque não tinha chuva. Mas isso mudou depois que a gente pôs essa água”, conta.
Não à toa, a Discussão Participativa do PPAG pelo interior está sendo focada em dois temas: Água e Agricultura Familiar. No Vale do Jequitinhonha, tanto o agricultor que tem, quanto aquele que não tem, sabe que água vale ouro.
“Com água dá pra fazer, mas sem água, a gente não faz nada”, diz Seu Loura. “Se tem água, aqui a gente tem tudo. Nós temos uma riqueza nas mãos, mas sem água não temos nada. Sem água não podemos viver”, afirma Dona Lodilha.
Em vez de plantação, colher de pau e vasos de argila

Dona Lodilha conta a luta da população do Vale do Jequitinhonha contra a seca
A batida incessante do facão entalhando pedaços de madeira mostra bem que não há tempo a perder quando o assunto é sobreviver.
Enquanto Dona Lodilha contava parte da sua história, seus filhos e outros familiares cuidavam de fabricar colheres de pau, exemplar do tradicional artesanato do Vale do Jequitinhonha vendido ao preço médio de R$ 5, o que garante precariamente o sustento de muitas famílias enquanto a chuva não vem.
Dona Lodilha e uma filha também moldam e cozem (queimam em forno) todos os dias vasilhas de argila para vender entre R$ 6 e R$ 10 a intermediários que vão ganhar muito mais comercializando os produtos em outros locais. “Como fazer as coisas sem ter água? Se dependesse só da agricultura, a gente estava morto. A gente tira essa madeirinha e faz essa colherinha pra poder sobreviver”, diz.
A história de Dona Lodilha começou muito antes, em 2007, quando ela, o marido e os filhos foram se juntar naquele local a um acampamento de barracas de lona do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), depois assumido pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg).
“Nós sofremos. A gente morava na mata, não era isso que vocês estão vendo agora, não. Só tinha essa estrada aqui. A gente fez um barraco de lona e começou a morar. Nessa época tinha 105 famílias. Depois foi baixando porque o pessoal não aguentou”, conta.
Terra boa - O rosto da matriarca só se ilumina com um sorriso quando o assunto é o pedaço de terra de onde ela espera um dia tirar o sustento da família o ano todo, sem sobressaltos.
“O Incra comprou essa terra e deu pra nós. Antes era a luz, aí a luz chegou. Agora está faltando a água. Se a água chegar aqui, aí teremos tudo. Podemos fazer nossa plantação, o que for. Aqui a terra é muito boa. Se tivesse água para todo mundo, era bom. Você planta um pé de qualquer coisa e ele dá”, garante Dona Lodilha.
Feijão, abóbora, mandioca, milho e até melancia já brotaram nas terras de Dona Lodilha. “Ninguém está vendo porque não tem chuva”, justifica, diante do espanto por já ter colhido melancias naquele solo seco e endurecido. Jurema (espécie de leguminosa), palma (um cacto) para alimentar o gado (e, às vezes, pessoas) e cabaça para fazer artesanato também são opções mais resistentes.
Do marido de Dona Lodilha, ficou a lembrança de dois salmos da Bíblia pintados em um pedaço de madeira
Do marido de Dona Lodilha, ficou a lembrança de dois salmos da Bíblia pintados em um pedaço de madeira - Foto: Willian Dias
Enquanto não chove para encher a cisterna (reservatório de captação da água que cai nos telhados), água para beber, cozinhar ou tomar banho, só a do caminhão-pipa, como era na época do acampamento de lona. Para lavar roupa, só caminhando dez quilômetros até o Rio Jequitinhonha.
Saúde - Em meio à seca no Vale do Jequitinhonha, a morte vira rotina e o luto, um luxo. Há pouco mais de um ano, Dona Lodilha perdeu o marido, Zemar, vítima de câncer no intestino, e, recentemente, uma neta. “Foi problema com essa doença de cachorro (leishmaniose). Faz um mês que ela morreu e já tem outra neta minha com a mesma doença”, resigna-se.
Nas contas dela também estão os filhos que morreram. “Foram 13, morreram quatro e ficaram nove. Morria assim, né, um com quatro anos, outro com seis dias, outro com nove dias...” Depois da água, atendimento em saúde é a principal reivindicação no Assentamento Bela Vista.
Do marido, ficou a lembrança de dois salmos da Bíblia pintados em um pedaço de madeira usado como janela em um dos casebres erguidos no terreno, assinados por Zemar, "um servo de Deus".
Ambos resumem bem um pouco da vida da família e vizinhos de Dona Lodilha, que, sem a ajuda dos homens, apelam para uma instância superior. “Há muitas casas para o homem que teme a Deus e ama e obedece ao Senhor, andando sempre em seu caminho (Salmo 128)” e “Esperarei com confiança pela ajuda. Ele se inclinou para mim e ouviu meu clamor (Salmo 40)”.
Água acabou com a sequidão e trouxe o verde de volta
O acesso à água é um dos dois temas da Discussão Participativa do PPAG pelo interior do Estado. O outro é a agricultura familiar
O acesso à água é um dos dois temas da Discussão Participativa do PPAG pelo interior do Estado. O outro é a agricultura familiar - Foto: Willian Dias
Com propriedades de tamanho similar, em torno de 40 hectares, e com pouco apoio do poder público, a localização próxima a uma fonte perene de água fez toda a diferença para o sucesso recente de Seu Loura.
O terreno pertencente a três irmãos foi herdado dos pais e dá fundo para o Rio Jequitinhonha, o que facilitou a implantação de um sistema de irrigação simples, que funciona apenas no período noturno, que é mais barato. O custo do empreendimento foi cerca de R$ 40 mil, metade do valor obtido por meio de um empréstimo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Isso não quer dizer que tudo foi fácil para Seu Loura. "Tirei esses R$ 20 mil e rendeu para começar um pouquinho, porque só o transformador foi R$ 14,5 mil. O resto eu tirei do ‘aposento’ (aposentadoria como trabalhador rural) e comendo mais pouco, se não eu não tinha isso", conta.
Com a ajuda do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itaobim, o mesmo que pressionou pela regularização das terras de Dona Lodilha, Seu Loura conseguiu que técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater) fizessem o projeto do sistema de irrigação em dois hectares.

Seu Loura, visivelmente satisfeito, lista os resultados da irrigação
Funcionamento - O tal transformador citado por Seu Loura garante energia para a bomba que tira água do Rio Jequitinhonha, que é então distribuída pelo terreno por uma rede de canos e aspersores.
Nos fundos da propriedade, uma pequena lagoa ainda guarda um pouco da água que caiu na última temporada chuvosa e, além de saciar a sede de algumas cabeças de gado, pode ser usada na plantação em caso de emergência.
Apesar dos cabelos brancos, Seu Loura já consegue tirar os olhos do hoje e pensar no amanhã. “Só não ganho mais do que a aposentadoria porque eu não aguento. Se eu fosse novo, a aposentadoria ficava pra trás. Mas com 75 anos eu tô fazendo muito, né”, conta.
Mas ele sabe que é a exceção à regra na agricultura familiar do Vale do Jequitinhonha e cobra mais ajuda do poder público para que todos tenham o que ele já conseguiu. “A pessoa não faz um serviço desses porque não tem condição. O que precisa é água pra todo mundo ter uma coisinha, porque, se um tem e outro não tem, eu não fico satisfeito”, diz.
Sindicalista prega soluções simples para problemas complexos
Chegada da chuva é festejada em encontro de Itaobim
Em reunião do PPAG em Itaobim, Doutor Jean Freire, natural da cidade, celebrou a chegada da chuva na região
Em reunião do PPAG em Itaobim, Doutor Jean Freire, natural da cidade, celebrou a chegada da chuva na região - Foto: Willian Dias
Coube ao presidente da Comissão de Participação Popular da ALMG, deputado Doutor Jean Freire (PT), que coordenou o encontro de revisão do PPAG em Itaobim, comandar também as comemorações pela chegada da chuva à região.
Natural da cidade, ele sabe bem que o fato merecia uma reverência, quebrando o protocolo. Não chegou a ser uma dança da chuva, mas uma salva de palmas, seguidas de muitas fotos com os presentes para registrar a alegria do momento.
A expectativa é de que, com a benção da chuva, as discussões promovidas na cidade rendam bons frutos na forma dos programas e ações previstos no PPAG. O plano organiza os programas e ações que o governo estadual pretende desenvolver no período de quatro anos. Ele traz metas físicas e orçamentárias e as regiões a serem beneficiadas. E, por ser um plano de médio prazo, passa por revisões anuais que buscam torná-lo compatível com a Lei Orçamentária Anual.
A proposta de revisão do PPAG 2016-2019 para o exercício 2018 está contida no Projeto de Lei (PL) 4.665/17, de autoria do governador Fernando Pimentel, que já tramita na ALMG. As sugestões colhidas durante a revisão participativa serão recebidas pela Comissão de Participação Popular e podem ser transformadas em propostas de ação legislativa (PLEs), podendo ainda dar origem a emendas ao PPAG e ao Orçamento do Estado ou a pedidos de providências ao poder público.
O deputado Doutor Jean Freire reforça o protagonismo da sociedade nesse processo. "Quando reunimos as pessoas, elas vão dizer o que mais precisam. Nada mais democrático do que as pessoas definirem para onde vão os recursos e vigiar se estão sendo bem usados. Sabemos que nem tudo o que for decidido aqui se transformará em realidade, mas já é um primeiro passo", pondera.
Próximos passos - Após os encontros de Governador Valadares e Itaobim, haverá mais um evento de Discussão Participativa do PPAG no interior do Estado. Será no dia 10 de novembro, em Montes Claros, no Norte de Minas, outra região castigada pela crise hídrica.
As regiões Norte, Nordeste e Leste do Estado foram escolhidas para sediar os encontros regionais porque, além de conviver há alguns anos com a seca, têm o maior número de famílias do campo socialmente vulneráveis e com dificuldades de acesso a programas de fortalecimento da agricultura familiar.
Entre os dias 30 de outubro e 9 de novembro, haverá um encontro estadual, com as discussões ampliadas, na sede da ALMG, em Belo Horizonte.
Fonte: Assessoria de Comunicação da Assembléia Legislativa de Minas

Bombeiros dizem que fogo na reserva da Acauã em Turmalina está controlado

Durante 9 dias, as chamas consumiram parte da vegetação.

Publicado no Hoje em Dia, 27.10.17

Foto: divulgaçãoBombeiros dizem que fogo na reserva da Acauã em Turmalina está controlado
Um homem foi preso sob suspeita de ter provocado o incêndio
Foi controlado na manhã desta quinta-feira (26.10) o incêndio na Estação Ecológica de Acauã, em Turmalina, no Vale do Jequitinhonha. Há nove dias o fogo destruía a região. Nesse período, 43 pessoas trabalharam no combate às chamas, entre bombeiros, brigadistas e voluntários. 
Um helicóptero, tratores, veículos de tração 4x4 e caminhões pipa também foram utilizados. Segundo o Corpo de Bombeiros, nesta quinta, é realizado o trabalho de rescaldo. 

A vegetação da Estação Ecológica Acauã é composta por cerrado denso com transição para mata atlântica, sendo a flora composta de plantas de grande e médio porte e a fauna por espécies como tatu, lobo-guará, cutia, paca, caititu, macaco-prego, jacaré-de-papo-amarelo, contando ainda com mais de 190 espécies de pássaros identificados, de acordo com o Instituto Estadual de Florestas (IEF).

Prisão de suspeito

Após uma diligência realizada pela Policia Militar Ambiental, um homem , foi preso e levado à Delegacia de Policia Civil de Turmalina para prestar esclarecimentos sobre o incêndio na unidade de conservação localizada entre os municípios de Turmalina e Leme do Prado, no Vale do Jequitinhonha.

O delegado Felipe Pontual decidiu por autuar o indivíduo em flagrante delito após ele confessar que iniciou o incêndio, através de uma “bituca” de cigarro. O delegado também disse que tal decisão foi tomada em virtude do suspeito ter sido preso anteriormente, no ano de 2008, por um crime da mesma natureza, na mesma unidade de conservação, com proporções semelhantes.

Segundo o major Anderson Passos, do Batalhão de Emergências Ambientais e Respostas a Desastres (Bemad), a maior dificuldade do combate ao incêndio na região é a vegetação bastante seca, o difícil acesso ao local e o forte calor.




Da capital, uma equipe de 18 militares do Corpo de Bombeiros está reforçando o combate ao fogo, acompanhado de brigadistas do Instituto Estadual de Florestas e voluntários. Um helicóptero Arcanjo e dois aviões air tactor foram empenhados na contenção das chamas.


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