quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Itaobim: Após 4 anos vivendo como andarilho, homem é reencontrado pela família gaúcha


Depressão levou Tiago a sair da sua cidade natal e se transformar em andarilho.

Foto: divulgaçãoApós 4 anos vivendo como andarilho, homem é reencontrado em Itaobim pela família
Tiago Melo com um tio (de chapéu) a mãe, um amigo e policiais de Itaobim


Tiago Melo Ferreira, 40 anos,  nasceu em Ijuí, cidade de 84 mil habitantes, a 395 km de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Em 2014, uma depressão repentina levou Tiago, que é solteiro,  a deixar a família e decidir viver como andarilho. Com poucos pertences, ele vagou por descampados, rodovias , cidades e lugarejos do país, até ser localizado no último dia 31 de janeiro, em Itaobim, no Vale do Jequitinhonha (MG).


Depressão levou Tiago a se transformar em andarilho.
Depressão levou Tiago a se transformar em andarilho.



Desde que desapareceu, a família procurava ter notícias dele, mas, durante todo o tempo que esteve longe de casa, não fez nenhum contato, nem deixou rastros.

Desesperada, a mãe chegou a criar uma página no facebook: “ Procura-se Tiago Melo Ferreira”.

Na última quarta-feira (31), a Polícia Militar de Itaobim foi acionada pela equipe de inteligência da instituição, que durante o serviço conseguiu localizar Tiago. Após ser identificado, ele foi levado para um hotel da cidade.

Policiais Militares fizeram contato com a mãe e  ela quase não acreditou que o filho havia sido reencontrado. A mãe e um tio do rapaz se deslocaram até Itaobim para busca-lo. O mistério do desaparecimento, havia chegado ao fim. Tiago retornou com a mãe e o tio para a cidade natal dele.



Tiago nasceu em Ijuí, cidade do Rio Grande do Sul que possui cerca de 84 mil habitantes.
Tiago nasceu em Ijuí, cidade do Rio Grande do Sul que possui cerca de 84 mil habitantes.



Alma de cigano


“Os andarilhos vivem o espaço. O tempo praticamente não existe: ontem, hoje e amanhã estão fundidos na sua percepção. É como se eles não tivessem história: seu passado não está no seu presente , o antes não se conecta com o agora), não há um prolongamento, mas uma ruptura que o lança no vácuo temporal”, explica o professor de psicologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) José Sterza Justo, um dos maiores estudiosos do tema no Brasil

“O andarilho é um viajante contumaz. Ele apenas está de passagem pelos lugares e não se expõe a marcas de espaço algum. Não cria vínculos e não se detém nas coisas ou pessoas com as quais estabelece algum contato. O máximo que faz é carregar na memória algum registro de algo que possa ter deixado uma impressão mais forte. Quando os andarilhos se referem a algum lugar como sendo melhor para sobreviver, sabem que se trata de algo passageiro. Têm consciência de que alguma assistência mais diferenciada, prestada em alguma cidade, é provisória porque depende da política local, que muda frequentemente. Isso é que é viver sem projeto, lidar com referenciais móveis, voláteis e efêmeros”,  explica o psicólogo.


Sérgio Vasconcelos, Repórter da Gazeta de Araçuaí

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