quinta-feira, 19 de abril de 2018

Montes Claros: Latifúndio armado ataca Ocupação do MST no norte de Minas

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Latifúndio armado ataca Ocupação do MST, queima bandeira do MST e ameaça, em Montes Claros, MG.


Próximo à cidade de Montes Claros, no norte de Minas Gerais, hoje, dia 18 de abril de 2018, dezenas de Latifundiários e empresários ligados ao Sindicato Rural de Montes Claros, do Movimento “Paz no Campo” -, que na prática é “violência no campo”, nova versão de UDR (União Democrática Ruralista) – na manhã de hoje cercaram e ameaçaram 100 famílias Sem Terra do MST em uma área ocupada essa madrugada: fazenda Bom Jesus, km 3 da estrada produção, saída para Capitão Eneias, área que pertence à CODEMIG, do Governo de Minas Gerais. 

Os latifundiários cercaram a rodovia Estrada da Produção, não deixaram as famílias sair da área, impediram a entrada de água e alimentos. Ameaçaram as famílias e as lideranças de muitas formas e, lógico, cercearam o direito de ir e vir das 100 famílias Sem Terra. Por fim, espalharam o terror. 

As famílias ocuparam essa área, porque estão sendo despejada de outra área.

A situação é muito grave e tensa. Houve risco de mais um massacre por parte dos latifundiários da Região contra o povo camponês sem-terra que luta por um pedaço de terra para trabalhar e viver.

A área ocupada está ao lado da Rodovia Estrada da Produção, saída para Capitão Eneas. O Governo do Estado de Minas Gerais foi informado, como também a Polícia Militar de Montes Claros.

Para evitar um massacre, as famílias Sem Terra do MST resolveram sair, sob escolta da PM, e ir para o Assentamento Estrela do Norte, do MST, em Montes Claros. 

Milícia armada estava ao redor do Acampamento por todos os lados. Com tratores, os latifundiários e empresários bloquearam a rodovia Estrada da Produção e também o acesso ao Acampamento, impedindo assim a entrada de alimento, água etc.. 

Queimaram bandeira do MST e proferiram muitas ameaças. Filmaram e divulgaram em rede virtual da internet a bandeira do MST sendo queimada e ameaças sendo proferidas. 

Soltaram foguetes comemorando a saída dos Sem Terra da área e ameaçaram: “Não haverá mais ocupação de terra no norte de Minas Gerais”. 

Queimaram a bandeira do MST, soltando foguetes e ameaçando: “Põe fogo nesse trem, nessa porqueira de bandeira. Joga fogo aí. Traga gasolina. Põe fogo (repete várias vezes). Me dá o isqueiro. Chame a televisão para filmar aqui. Filme aqui agora. Olha o Brasil que nós queremos. O Brasil que nós queremos é esse: Brasil sem terra, livre dos Sem Terra. Esses vagabundos. A bandeira nossa é verde e amarela. Vamos exterminar essa cambada de Sem Terra. Olha lá, tá tudo caladinho. Grite agora, Sem Terra!”

A Comissão Pastoral da Terra repudia com veemência esse atentado contra um direito constitucional que é lutar por um direito elementar: conquistar um pedacinho de terra para viver dignamente. 

Exigimos das autoridades policiais, do Ministério Público e do Governo de Minas Gerais providências necessárias para coibir esse arbítrio repugnante que violenta a dignidade humana e atualiza a época da Casa Grande que tratava com a chibata os negros escravizados. 

Porém, como Jesus ressuscitou ao terceiro dia, essa sexta-feira da paixão feita por latifundiários e empresários hoje, em Montes Claros, ao arrepio da Constituição Brasileira e sob o império das armas não terá a última palavra, pois um domingo de ressurreição com a mãe terra libertada brotará, porque está sendo gestado. 

Quanto mais reprime o MST e os Movimentos Sociais Populares mais eles crescem e ganham qualidade. 

Clamamos pela defesa da vida e pelo respeito à dignidade humana e ao sagrado direito de lutar por terra, conforme prescrito na Constituição federal de 1988.

Assina essa Nota:
Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Montes Claros, MG, 18/4/2018.

Obs.:  
Abaixo, fotos que mostram as agressões e o grave conflito agrário existente no Brasil, hoje, explicitado em Montes Claros, no norte de MG, também. 

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